Rombo de R$ 3 bilhões com energia deve deixar conta de luz mais cara em 2021

Sistema tarifário terminou ano no vermelho após ficar suspenso por seis meses por causa da pandemia, segundo dados da Aneel

A conta de luz neste ano deve ter um aumento maior para cobrir o rombo de R$ 3,1 bilhões que o sistema de bandeira tarifária teve em 2020, mas ainda não há previsão de quanto será a alta no bolso do brasileiro.

O sistema tarifário aumenta a conta de luz em momentos de escassez de energia, quando há maior uso das usinas termelétricas, subindo o custo da produção de energia.

No ano passado, ele terminou no vermelho após ficar suspenso por seis meses por causa da pandemia, segundo dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Pandemia gerou rombo

Em maio de 2020, a Aneel anunciou a suspensão da cobrança extra por causa da pandemia do novo coronavírus. A taxa só voltou a valer em dezembro.

Por causa desse período, o valor arrecadado no ano com as bandeiras foi de R$ 1,33 bilhão, enquanto o custo adicional de energia que deveria ser coberto pelo sistema foi de R$ 4,45 bilhões, segundo a Aneel.

A diferença, de R$ 3,1 bilhões, deverá ser coberta neste ano. Esse custo será um dos componentes dos reajustes das tarifas das distribuidoras de energia.

A agência afirma que não tem estimativa de quanto a conta de luz dos consumidores deve aumentar, em média, por causa desse déficit.

Aumento na conta não foi estimado

A Aneel afirma que o impacto desse custo adicional nas tarifas só será fechado nas datas de reajuste de cada distribuidora de energia. Cada empresa tem uma data de aplicação do reajuste, prevista no contrato de concessão.

Por isso, a agência afirma que ainda não tem uma previsão de quanto será o aumento médio nas contas de luz.

No início do mês, porém, o diretor-geral da Aneel, André Pepitone, afirmou em reunião da diretoria que as tarifas podem subir, em média, 13% neste ano, de acordo com estimativas da área técnica, se não forem tomadas medidas para conter o aumento das contas.

Esse número é uma previsão de alta geral da tarifa, que leva em conta outros fatores, não apenas o rombo de R$ 3,1 bilhões.

Pouca chuva, conta mais cara

Quando há pouca chuva, o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas cai, o que diminui a produção de energia. Para compensar essa queda, o governo manda acionar usinas termelétricas, que são mais caras. Da mesma forma, quando há mais chuvas o governo desliga as termelétricas, e o custo da geração de energia cai.

Para não ter de arcar com esses custos sozinho, o governo criou o sistema de bandeiras tarifárias, uma cobrança extra na conta de luz para bancar o funcionamento das termelétricas.

Em fevereiro, está valendo a bandeira amarela, com custo adicional de R$ 1,34 para cada 100 kWh (quilowatt-hora). A cor amarela significa um “sinal de alerta” com valor um pouco maior.

A vermelha sinaliza “condições ruins de geração” de energia. Nela, são duas fases: “vermelha 1”, com cobrança de R$ 4,16 para cada 100 kWh, e “vermelha 2”, representando R$ 6,24 a mais por cada 100 kWh consumidos.

Quando a bandeira é verde, não há cobrança extra.

Do Uol.