Num cenário em que ninguém se destaca quando o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é retirado das pesquisas, o Palácio do Planalto voltou a jogar suas fichas na reeleição. “Todo mundo é índio”, diz um assessor presidencial referindo-se às pesquisas posteriores à condenação de Lula em segunda instância, o que praticamente o retira da disputa eleitoral de 2018. Temer tem apenas 1% das intenções de voto.

Nos arredores do Palácio Jaburu, residência oficial do presidente, ninguém duvida de que Temer seja “candidatíssimo”. No governo, afirma-se que Temer foi vítima de uma campanha de destruição moral que lhe atribuiu a pecha de corrupto. Esta seria a razão principal de sua baixíssima popularidade. Ele precisaria, portanto, apagar ou pelo menos atenuar a mancha da corrupção.

Esse é o objetivo da ofensiva desencadeada por Temer, que considera ter um bom portfólio para mostrar na economia. Alguns de seus conselheiros, porém, observam que a queda dos juros e a inflação em baixa não são suficientes para melhorar a popularidade do presidente, porque a questão moral puxa os índices de opinião para baixo.

Além disso, os bons resultados econômicos ainda não foram efetivamente sentidos pelas classes C, D e E. Não foi por acaso que o governo pediu ao Cade que investigue a formação de cartel no varejo da gasolina, diesel e gás de cozinha.

O plano de voo de Temer para tentar a reeleição é conhecido de seu partido, mas o PMDB voltou a ser MDB e manteve hábitos antigos: está na canoa de Temer, mas considera outras opções. No limite, pode até ter um candidato próprio e liberar as seções locais para apoiar quem for mais conveniente para cada diretório. Em 2002, por exemplo, o PMDB fez conveniente para cada diretório. Em 2002, por exemplo, o PMDB fez coligação com o PSDB, mas os favoritos nos Estados acabaram mesmo nos braços de Lula. Inclusive o ex-presidente José Sarney, hoje um dos principais conselheiros do presidente da República.

Do Valor Econômico