RC: a PB é independente e nenhum outro governo federal vai nos perseguir mais do que hoje

Equilíbrio fiscal e independência dos recursos federais. Para Ricardo, esses são os maiores legados do seu governo do ponto de vista econômico. Faltando pouco menos de um mês para o fim do seu oitavo e último ano de mandato, o gestor começa a fazer o balanço da sua gestão em diferentes áreas.

Em entrevista à Rádio CBN João Pessoa, Ricardo lamentou a falta de republicanismo do atual governo, citando que jamais a Paraíba será novamente tão perseguida quanto agora. Ele lembrou o episódio em que a Paraíba foi impedida de contrair empréstimo, mesmo cumprindo os requisitos do Tesouro Nacional.

“Agora, nenhum Governo Federal vai perseguir mais do que já perseguiram o Governo da Paraíba”, exclamou.

Ricardo citou ainda a relação com o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), dizendo que a gestão da petista foi a que mais assegurou recursos de maneira “indiscriminada”.

“Indiscutivelmente [foi o governo que mais ajudou o Estado], não por ser aliado, porque aqueles que não eram talvez tenham sido tratados muito melhor do que nós […] todos indistintamente tiveram recursos assegurados. O PAC Estiagem foi para todo Nordeste. Os recursos para infraestrutura com o PAC Geral foram para todo o país. Não tinha essa história de discriminação, de dizer que o estado poderia ter um empréstimo, mas não vou dar porque é contra, como aconteceu comigo nesses três últimos anos”, avaliou.

Leia abaixo outros trechos importantes da entrevista de Ricardo:

Independência financeira e união do Nordeste

“O ICMS, que é um recurso estadual, representava 35% a 37% da receita do estado, em 2010. Estou deixando o governo com ICMS representando 60% a 65%. Nós mudamos a lógica. Nós conseguimos mudar a lógica da dependência do Estado, porque o FPE [Fundo de Participação dos Estados] estagnou […] Eu acho que a Paraíba ganhou independência e, ao mesmo tempo, vivemos numa República. Espero que a nação brasileira observe isso atentamente porque nós não vamos admitir cada vez mais discriminação. O Nordeste, em particular, tem que agir de forma conjunta. O Nordeste tem dificuldade com uns, mas tem perspectiva de desenvolvimento que são comuns. É preciso agir de forma conjunta e dialogando com o Governo Federal, se não vai ficar muito difícil.”

“Federação brasileira é uma farsa”

“A Federação brasileira é uma farsa. A Federação distribui as responsabilidade e pouco distribui os dinheiros para poder manter essas responsabilidades. Se olhar bem, nos últimos 30 anos, descentralizaram o trânsito, educação, saúde, descentralizou tudo. Quando for ver a composição dos gastos, ela continua tão concentrada como antes na esfera federal. A Paraíba tem a maior, dentro da proporcionalidade, rede hospitalar de todos os estados. Em 2010, se gastava R$ 13 milhões com rede hospitalar. Destes, R$ 8 milhões eram recursos do SUS. Hoje, a Paraíba gasta R$ 85 milhões por mês, com custeio hospitalar, e aqueles R$ 8 milhões do SUS de antes, hoje são R$ 4 milhões. Ou seja: nós tivemos que assumir mais, até porque se não assumisse, o que é que iria acontecer aqui dentro? Enquanto isso, o poder federal diminuindo os recursos, particularmente depois a esse grande ataque ao interesse nacional e popular que foi a aprovação da lei de teto dos gastos. Não se pode fazer política fiscal com reforma constitucional, isso é um absurdo que eu nunca vi na minha vida. Fizeram para tirar dinheiro de quem mais precisa para poder não mexer no pagamento de juros. Esse é o Brasil de hoje e é preciso ter coragem de falar, como eu estou tendo agora. Na contramão, a Paraíba fez investimentos. Se eu não o fizesse, o estado teria um quadro terrível, socialmente falando, misturando seca e crise.”