Rachel Sheherazade fala sobre ataque de bolsonaristas e ser alvo “dos dois lados”

Jornalista paraibana explica que passou a ser odiada por apoiadores de partidos de direita e esquerda, em diferentes momentos políticos do país

A jornalista paraibana Rachel Sheherazade falou sobre os ataques que vem sofrendo por parte de militância, durante o talk show de Universa “E aí, Beleza?”, apresentado pela maquiadora Fabi Gomes. A ex-âncora do “SBT Brasil” lembrou que reações do tipo vieram da esquerda e da direita, e afirmou que após se posicionar nas eleições de 2018 pelo #elenão [movimento contrário ao então candidato Jair Bolsonaro], atraiu a fúria do bolsonarismo. Ela entrou com um processo contra o SBT, emissora de Silvio Santos, da qual foi demitida em 2020.

“Na época em que eu fazia críticas ao governo do PT, diziam que eu era nazista, preconceituosa, homofóbica. Aí, nas eleições de 2018, precisei me posicionar e me identifiquei com a #elenão [movimento contrário ao então candidato Jair Bolsonaro] e atraí a fúria do bolsonarismo. Ele mesmo fez um vídeo mostrando meu rosto. Bolsonaro chamou a militância contra mim”, conta Rachel.

A jornalista explica que passou a ser odiada por apoiadores de partidos de direita e esquerda, em diferentes momentos políticos do país. “Agora as pessoas dizem: ‘ela é esquerdista, esquerdopata, vai para Cuba'”, afirma. Rachel conta que já precisou de escolta policial por uma semana, após receber ameaças diretas de militantes por críticas à então presidente Dilma Rousseff (2011-2016).

“Mudam os governos mas o ódio não tem lado. Ignorância não tem lado. Não é uma coisa da direita ou da esquerda, é dos radicais, das pessoas intolerantes, que não aceitam o diferente. Vou ser sempre criticada.”

“Não estou aqui para enfeitar bancada”

Rachel conta que montou um canal do YouTube para dar suas opiniões políticas depois que passou a ser censurada dentro do SBT — ela não cita o nome da emissora, pois a ação corre em segredo de Justiça. “Chegou um ponto em que não podia nem fazer qualquer expressão facial. Fui proibida”, conta. “É difícil conter essa guerreira dentro de mim.”

Após sua demissão, abriu um processo contra o canal por assédio, censura e fraude. Uma das provas do processo é a participação dela no Troféu Imprensa 2017, quando ouviu de Silvio Santos que “foi contratada para ler notícias, não foi contratada para dar a sua opinião”.

“Sigo tentando fazer o que eu acredito, jornalismo transformador. Não acho que jornalismo é apenas ler teleprompter. Mas não estou aqui para enfeitar a bancada”, afirma Rachel.”Não vou me permitir ser calada, censurada, me dissociar da minha essência que é crítica, livre, eu gosto de analisar fatos ao meu redor e gosto e quero ser rebelde, uma agente de transformação social.”

O SBT foi procurado para comentar as acusações e falar sobre o processo. Em nota, afirmou que “as alegações não prosperam” e que “não comentamos os processos judiciais em andamento”.

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Com informações do UOL