Quando a gente se percebe acordado, dormir é apenas mais uma obrigação

Por esses dias o Facebook me lembrou de uma frase de Pablo Neruda que eu havia publicado: “Escrever é fácil. Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca as ideias.” Poxa, Neruda! Mal sabes de quantos blogs eu fiz apenas o título, ou nem isso, talvez, no máximo, selecionei a imagem de fundo. A iniciativa eu tinha, só me faltava a ideia. Ou eu tinha a ideia e só me faltava a iniciativa?

Não sei, mas estava aqui hoje escrevendo e percebi o quanto meus dedos e, de certa forma, meu coração e mente estavam adormecidos para o texto. Como jornalista me vi meio perdida nesta constatação. Putz, durante esse meio tempo pude me apaixonar por várias coisas, principalmente a fotografia, mas fui deixando de lado aquilo que me fez entrar no curso: as letrinhas que muito diziam ou, às vezes, não diziam quase nada. E agora cá estou eu me perguntando:

– Onde diabos devo colocar a vírgula?

Sabe quando você percebe que tudo no qual anda fazendo está no automático? Que não anda se desafiando por medo de, sei lá, ser julgado, ou dar errado, ou simplesmente abandonar no meio do caminho pois já não mais se identificava com aquilo com o qual havia iniciado?

Estamos vivendo tão instantaneamente conosco e esperamos respostas tão rápidas de nós mesmos que por vezes esquecemos que também precisamos de um tempo para nos reconectarmos. Adormecer se fez necessário. Talvez seja isso. Talvez aquele sono gostoso depois de um dia de sol na praia que eu estava precisando tenha chegado ao fim, porque também é bom poder acordar. Acordar para si.