Qual o perigo de um povo sem ideologia?

Faz alguns dias que essa pergunta não encontra resposta em meus pensamentos!

Recentemente eu conversava com uma pessoa que, para governador do seu estado, votou num candidato declaradamente da esquerda e, para presidente, noutro da direita. Aí foi que a interrogação ficou maior.

Ele me disse que votou no governador esquerdista porque “mesmo sendo defensor de Lula”, foi o político que mais benfeitorias havia feito pelo seu estado. Do mesmo modo, seu candidato a presidente poderia vir a ser esse político auspicioso para o povo brasileiro.

Sendo assim, eu cogitei a seguinte hipótese: melhor que o povo não tenha ideologia porque, só assim, votará em bons políticos, levando em consideração não o que eles creem, mas as suas atitudes, programas e obras. No entanto, a faca pode ser de dois gumes.

Um povo que vota sem ideologia pode ser facilmente enganado e ludibriado pelo político que enxerga a política como profissão e carreira que precisa ser corrida, estendendo-se, inclusive, a parentes seus, para seu sustento e sobrevivência de uma vida de luxo, bem melhor do que a grande maioria dos seus eleitores.

Antoine Destutt de Tracy, filósofo, durante a Revolução Francesa, criou o termo “idéologie”, significando a ciência das ideias, incluindo as políticas e econômicas, referindo-se ao estado das coisas. Sendo assim, ser ideológico, bem rasteiramente, seria alguém que pensa, logo formula ideias sobre as coisas ao seu redor.

Portanto, eu consigo, sendo ideológico, determinar o que eu quero para mim e para a coletividade, mesmo que isso leve a uma discussão também coletiva, com o restante do povo. Essa ‘capacidade’ certamente dissolve as correntes da ignorância que acorrentaram o povo pelos séculos.

O perigo de um povo sem ideologia é continuar votando e elegendo representantes que não têm compromisso com o bem comum ou até mesmo com suas próprias crenças!