Quadrilheiro adverte sobre risco de extinção das quadrilhas juninas em Campina Grande

Um dos diretores da Associação das Quadrilhas Juninas de Campina Grande, Márcio Marques, fez um desabafo nesta quarta-feira (13), pelas redes sociais, sobre o estado de abandono das quadrilhas juninas pelo poder público municipal. Marques fala sobre dívidas acumuladas, falta de respeito, desprezo, de dinheiro que podem decretar o fim de mais juninas nos próximos anos. “Das 450 quadrilhas que um dia tivemos, hoje são 12 e, em 2017, pode ser apenas a lembrança dos belos registros de nossos profissionais fotógrafos”, desabafou.

O quadrilheiro, responsável pelo enredo de seis das 12 quadrilhas, inclusive, da vitoriosa Moleka 100 Vergonha, revelou que os grupos investiram mais de R$ 1 milhão para realizar os trabalhos deste ano e que receberam cerca de 10% dos custos do poder municipal. “O restante saiu do bolso dos quadrilheiros e diretores”, afirmou Marques. Segundo o diretor da associação, indiretamente as quadrilhas juninas reúnem mais de 10 mil trabalhadores “por essa cultura na cidade, e esses pedem ajuda, pedem respeito”. Todos estão endividados.

No texto desabafo, Marques citou que quando batem no peito e gritam que Campina Grande tem o Maior São João do Mundo, 95% desse orgulho “é pelo amor que temos pela nossa terra, porque avaliamos os mais de R$ 8 milhões gastos para trazer Wesley Safadão, Aviões do Forró e Cia, ou pelos resultados alcançados e divulgados pelo CDL, seguimento de hotelaria e restaurantes da cidade etc”, as quadrilhas juninas, as maiores representantes dessa cultura, são totalmente desrespeitadas e ignoradas.

“Quando avaliamos o ponto mais forte e rico culturalmente de uma festa junina, que são as quadrilhas, essa realidade vai sofrendo algumas alterações. Quando vimos que não tivemos direito nem a um sistema de som digno para um festival, que corremos o risco de uma tragédia por falta de estrutura de grades e segurança”.

Marques denunciou ainda, que “curiosamente, as juninas que vieram de fora pra cá receberam no dia seguinte toda estrutura que precisavam; três juninas perderem seus trabalhos e investimentos ficando de fora dos festivais, porque só receberam os valores pagos pelo convênio de apresentações um dia antes do concurso; fomos proibidos de nos apresentar, porque um grupo musical veio contratado de Brasília-DF e ninguém pode se apresentar antes, e, depois foi a vez é de uma banda. Com todo respeito ao trabalho do musical, mas eles vieram imitar a nós nordestinos vestidos de cangaceiros. Seria a mesma coisa de irmos ao Sambódromo fazer Carnaval. E, por fim, hoje, diferentes dos demais seguimentos com fins lucrativos no São João, contabilizamos os prejuízos e o esquecimento”, lamentou.

Marques disse ainda, que o poder público prometeu “um local digno de apresentações, onde também seriam os barracões das juninas, uma arena para as apresentações, e até hoje… nada”.

Sobre o trabalho dele à frente das juninas, Marques disse que fazia um trabalho individual com mais da metade das quadrilhas de Campina Grande; fazia o acompanhamento e agendamentos de todas as apresentações no Aeroporto, Rodoviária, Vila do Artesão e Parque do Povo, além de viagens para eventos fora de Campina e matérias para imprensa. “Por esse trabalho recebia uma gratificação da prefeitura municipal, mas não recebi o mês de maio até o momento”.

“Por isso digo: o Maior São João do Mundo acabou, mas as dívidas e a decepção dos quadrilheiros não”. As informações são do Turismo em Foco.