Profissionais da saúde têm aumento de 40% nos níveis de ansiedade; PB presta auxílio psicológico

Níveis de ansiedade entre profissionais da saúde aumenta por serem os principais agentes no combate ao novo coronavírus; psicólogo comenta sobre os efeitos

A responsabilidade em atender pacientes com a doença e o medo de ser infectado – e transmitir o vírus para amigos e familiares – gera insegurança nos profissionais de saúde. Esses fatores estão provocando um aumento de 40% nos níveis de ansiedade, como mostra os dados preliminares do estudo desenvolvido pelo Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS). Profissionais paraibanos comentam a pressão de estar no fronte do combate á pandemia e também relatam como é estar do outro lado, sendo um paciente.

O Brasil lidera o ranking das nações com maior indicie de pessoas com transtorno de ansiedade com 9,3% seguido por países da Europa como Noruega (7,4%) e Holanda (6,4%) com mostra a pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Dentro dessa percentagem, a possibilidade aumenta entre os profissionais da saúde por serem os principais agentes no combate ao novo Coronavírus.

É importante que esses profissionais evitem a sobrecarga de trabalho e assim o acúmulo de estresse nesse momento de pandemia. “Eles devem lembrar que o momento de descanso é necessário, porque eles precisam estar recarregados para trabalharem nos plantões. Esse cuidado é importante para que o trabalho em combate a pandemia seja feito em conjunto, com cada um fazendo a sua parte, eles de lá e nós, de cá”, destaca o psicólogo e professor universitário Dr. Luís Augusto Mendes.

No estado

Na Paraíba, os profissionais receberão auxílio psicológico durante a ‘Semana da Luta Antimanicomial’. A informação foi divulgada na segunda-feira (11), pela secretaria Renata Nóbrega por meio da live transmitida nas páginas do Facebook e Instagram da Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba (SES).

De acordo com Renata, será disponibilizado um número de telefone para que os profissionais possam tirar dúvidas quanto aos anseios e angústias adquiriras durante o processo de enfrentamento ao vírus. “Vamos colocar a equipe de apoio psicológico à disposição de todos os profissionais da saúde que fazem parte do Sistema Único de Saúde (SUS) e que estão trabalhando na linha de frente nessa Pandemia”, informou a secretária.

Diante do contexto pandêmico, os profissionais da saúde também enfrentam outra luta: contra a desinformação; mesmo sendo eles a principal fonte de informação segura sobre prevenção e proteção da doença. “Psicologicamente falando, o que mais abala são a falta de informação, o preconceito, e as mentiras que espelham”, explica a técnica de enfermagem da UPA de Guarabira, Suely dos Santos.

Suely esteve nos dois lados da situação: como profissional da saúde e como vítima da Covid-19. A partir dessa experiência, ela presenciou como a desinformação pode ser prejudicial no combate ao vírus.

“Eu e minha família sofremos muito, fomos os primeiros a apresentar os sintomas da doença em Guarabira, e isso acarretou muito preconceito. A falta de transparência das informações no nosso município acabou ajudando a espalhar mentiras sobre a nossa situação”, concluiu.

Perigo das fake news

As fake news em relação a Covid-19 se configuram no compartilhamento de dados divulgados por fontes não confiáveis como revela pesquisa da Universidade de Oxford que 20% entre 70% das informações referentes a pandemia nas redes sociais são falsas.

Redes sociais como Instagram, Facebook e Whatsapp, já aplicam mecanismos para bloquear o compartilhamento de informações falsas, como ocorreu na terça-feira (12), quando o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), teve uma publicação bloqueada no Instagram por conter dados falsos sobre a situação do novo Coronavírus no estado do Ceará.

O que diz a psicologia

O psicólogo Mendes, afirma que é preciso reconhecer esses tempos como um momento de reflexão a fim de achar os melhores métodos para se ajustar a situação. A manutenção da saúde mental nesses tempos de pandemia é essencial.

“A primeira coisa que devemos fazer é nos questionar sobre quais são os nossos medos e dúvidas. Em quarentena, ter acesso à informações seguras, é muito importante, porque muito dos nossos medos surgem daquilo que ouvimos de fontes não oficiais. O que tem causado muito ansiedade são as informações enquanto o aumento dos números de casos. No entanto, nós não temos um controle direto sobre esses dados e por isso, devemos focar no que está ao nosso alcance, como por exemplo, manter a higiene e seguir as medidas preventivas”, pontuou o psicólogo.

Letícia Nunes especial para o Paraíba Já