Poupança está ruim? Saiba onde aplicar seu dinheiro durante a turbulência da economia

O brasileiro já percebeu: guardar o tão suado dinheirinho que sobra no final do mês na poupança não vale mais a pena. O rendimento, próximo a 0,70% por mês líquido, é menor do que a inflação, o que significa perder poder de compra se o dinheiro ficar parado na tradicional caderneta de poupança.

Reflexo disso é o volume de saques da poupança, que superou os depósitos pelo 11º mês seguido em novembro, segundo dados do Banco Central. Em novembro, as retiradas superaram os depósitos em R$ 1,3 bilhão – o pior resultado para o mês desde 1995.

Mas, diante de tamanha incerteza com o cenário político, onde o investidor pode colocar seu dinheiro para conseguir um rendimento melhor, mas com a mesma segurança e liquidez da poupança?

O professor de finanças e economista da NeoValue Investimentos, Alexandre Cabral, recomenda duas soluções práticas e seguras: investir em títulos do governo federal atrelados aos juros básicos da economia ou partir para uma LCI (Letra de Crédito Imobiliária) ou LCA (Letra de Crédito Agropecuária) – títulos emitidos pelos bancos ou instituições financeiras que têm como lastro financiamentos imobiliários, por exemplo.

“A poupança está com um rendimento muito ruim, entre 0,70% ou 0,75% líquido ao mês, dependendo da quantidade de dias no mês. Só no Tesouro Selic, que é um título do governo, você consegue por volta de 0,80%. Se você pensar: ‘ah, 0,10% não é nada’. Mas pensa 0,10% num mês, 0,10% no outro e 0,10% no outro, no fim do prazo vai dar diferença”.

O economista também sugere uma LCI que pague 90% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) – você encontra facilmente esse rendimento nos bancos e corretoras de valores. “Para R$ 1.000, por exemplo, é fácil encontrar uma LCI que paga 90% do CDI, que vai dar cerca de 0,97% líquidos por mês. Isso considerando se o governo não subir os juros, porque, se subir, o investidor vai ganhar mais ainda. E, se tiver mais dinheiro, ele consegue taxa ainda melhor”.

E aquele CDB que o seu gerente te oferece no banco? Ele pode ser atrativo para prazos maiores, para 24 ou 36 meses, mas não vai compensar se você aplicar a grana somente nesse período de instabilidade da economia.

“O CDB é o pior investimento disparado de todos para esse período de crise, porque na grande indústria – formada pelos grandes bancos como Itaú, Santander, Bradesco e Caixa -, você vai conseguir 90% do CDI e ainda terá que pagar IR. Muito pior que o Tesouro Direto. Você consegue CDB bom se ficar dois ou três anos no mercado em pequenos bancos”.

Simulações

A pedido da reportagem, o economista simulou um investimento de R$ 1.000 nas três modalidades acima – poupança, Tesouro Selic e LCI – durante seis meses.

– Na poupança, os R$ 1.000 se tornariam R$ 1.042,74 no fim do período.

– No Tesouro Selic, os R$ 1.000 se tornariam R$ 1.048,97 no fim do período.

– Na LCI, que paga 90% do CDI, os R$ 1.000 se tornariam R$ 1.059,63 no fim do período.

Vai precisar da grana?

O economista ressalta, porém, que o investidor precisa levar em conta quando vai precisar do dinheiro – ou seja, precisa se perguntar sobre a liquidez do investimento. “Se o investidor não conhece outro produto que não a poupança, e o objetivo dele é liquidez, ou seja, vai precisar do dinheiro semana que vem ou daqui duas semanas, vai no Tesouro Selic. O rendimento é melhor que a poupança e o investidor sofre pouca “emoção” na marcação a mercado”.

Por outro lado, “se é um investidor que não tem preocupação em deixar o dinheiro preso por 6 ou 7 meses, aí o melhor é uma LCI ou LCA. Ele tem que procurar esses produtos no banco ou na corretora e vale lembrar que, por lei, nenhuma LCI ou LCA permite resgate com menos de 90 dias”.

Garantias

Vale lembrar que o FGC (Fundo Garantidor de Créditos) está por trás da LCI, da LCA, da poupança e do CDB. Isso quer dizer que, se a instituição financeira em que você aplicou sua grana quebrar, você tem garantidos até R$ 250 mil por CPF. Portanto, pode aplicar nessas modalidades “sem medo” até esse valor.

No caso do título público (Tesouro Selic, por exemplo), o mercado o considera risco zero, pois a chance de o governo federal quebrar é muito pequena.