
Um levantamento nacional revelou que pelo menos nove postos de combustíveis na Paraíba estariam sob possível influência ou controle de facções criminosas. A informação foi obtida pelo portal R7, com base em dados compartilhados por fontes do setor de combustíveis.
Em todo o país, o número de postos com indícios de ligação com o crime organizado chega a 941, o que representa cerca de 2,2% dos 42 mil postos de combustíveis existentes no Brasil. O estado mais crítico é São Paulo, com 290 unidades ligadas a facções, seguido por Goiás (163), Rio de Janeiro (146) e Bahia (103).
A análise considera diversos critérios, como o uso de “laranjas” em participações societárias, envolvimento dos gestores com investigações policiais, histórico prisional e vínculos com redes de postos controladas por grupos criminosos. Entre os crimes mais comuns ligados ao setor estão lavagem de dinheiro, adulteração de combustíveis, sonegação fiscal e o uso da infraestrutura para transporte de ilícitos.
O especialista em segurança pública Welliton Caixeta Maciel explica que a infiltração do crime organizado no setor de combustíveis não é novidade, remontando ao final dos anos 1990. Segundo ele, grupos como PCC, Comando Vermelho e Família do Norte vêm se adaptando e ampliando sua atuação em segmentos estratégicos da economia.
Apesar dos números levantados pelo setor, o secretário de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Mário Sarrubbo, alerta que os dados devem ser analisados com cautela. “Há uma tradição em inflar esses números e pode passar a sensação de que o problema é maior do que realmente é”, ponderou. No entanto, reconheceu que as ações dessas organizações impactam negativamente o valor de mercado de empresas do setor.
A atuação das facções inclui práticas como venda ilegal de nafta como gasolina, facilitação de importações na Zona Franca de Manaus, sonegação de impostos no etanol hidratado, e fraudes no cumprimento de metas ambientais do RenovaBio.
Em resposta à gravidade do cenário, o Ministério da Justiça montou um grupo de trabalho específico para combater a presença do crime organizado no setor de combustíveis. A iniciativa envolve a Polícia Federal, Agência Nacional do Petróleo (ANP), Ministério de Minas e Energia e outras entidades.
Segundo o secretário, operações como a Protetor de Fronteiras e Divisa já estão em andamento em todo o país, com ações conjuntas entre forças policiais estaduais e federais, voltadas especialmente ao controle do transporte rodoviário e marítimo.