Poço sem Fundo: Benjamin e presidente do MDB podem ter desviado R$ 45 milhões

Investigação foi instaurada pela Polícia Federal e MPF para apurar contratações indevidas para a execução de serviços de infraestrutura hídrica na Paraíba

O presidente do Diretório Municipal do MDB em João Pessoa e coordenador Estadual do Dnocs na Paraíba, Alberto Gomes, conhecido como “Esquerdinha” e o ex-deputado federal, sobrinho do senador José Maranhão (MDB), Benjamim Maranhão, são suspeitos de participarem de um grupo formado por empresários e políticos que firmou vários contratos com o Incra-PB e o Dnocs-PB por meio de dispensa de licitação chegando a um desvio de mais de R$ 45 milhões.

Os dois são alvos da operação “Poço sem Fundo”, desencadeada na manhã dessa quarta-feira (25), pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF). A investigação foi instaurada para apurar contratações indevidas pelo Incra-PB para execução de serviços de infraestrutura hídrica (perfuração de poços e implantação de sistemas simplificados de abastecimento de água), pois havia notícia de contratação, por meio de processos de dispensa de licitação, de empresas com aparente vínculo entre si, sinalizando para direcionamento em favor do grupo de empresários.

As investigações revelaram que o ex-deputado Benjamin Maranhão teria utilizado de seu cargo, através da liberação de recursos por meio de emendas parlamentares para a cidade de Araruna, cuja ex-prefeita é sua mãe, Wilma Maranhão e que também tenha influenciado na escolha dos coordenadores do Incra-PB, Alberto Kelly e Dnocs-PB, Alberto Gomes, para a viabilização das dispensas de licitação.

Há indícios de remessa de valores entregues a Benjamin, seja pela entrega em espécie em sua residência, como também por transferências realizadas por intermédio da conta de seu secretário parlamentar, R$ 35.000,00, enviados pelo empresário Severino Pimentel, dono da Cesan Construtora e Empreendimentos Santo Antônio LTDA.

De acordo com a investigação, “os processos de dispensa de licitação nº 3/2016, no valor de R$ 1.963.926,49, que tem como favorecida a empresa Cilvetec e 4/2016, no valor de R$ 3.843.747,12, que tem como favorecida a Impertec, foram o escopo inicial da investigação”.

A investigação aponta que o Incra-PB contratou de forma fraudulenta as duas empresas  para a perfuração de poços. Um dos municípios abrangidos pelas obras foi o de Araruna o qual, por sua vez, contratou em período contemporâneo a Civiltec para obra similar, mediante financiamento por convênio firmado com o Ministério da Integração Nacional.

A Controladoria Geral da União (CGU) “apontou indícios de sobreposição dos serviços contratados pelo Incra-PB, com os serviços contratados por outros órgãos, como Dnocs-PB e município de Araruna, eis que, em período contemporâneo aos contratos do Inccra-PB, as empresas investigadas realizaram serviços similares para o Dnocs-PB e para a referida prefeitura”.

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