Pioneiro no país, Conde realiza curso para profissionais da Saúde para produção fitoterápica

A Secretaria de Saúde de Conde encerrou a primeira etapa do treinamento para profissionais para área da produção de fitoterápicos. A ação, pioneira no país, faz parte do projeto “Semeando Cuidado, Colhendo Saúde”, em parceria com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Liga Canábica da Paraíba, Associação Conde Orgânico, Associação do Povo Indígena Tabajara do Litoral Sul da Paraíba, Associação da Comunidade Negra do Ipiranga e a Cooperativa e Comércio Atacadista de Cereais e Legumes Ltda.

O projeto, instituído pela gestão da prefeita Márcia Lucena, tem como objetivo a implementação da Farmácia Viva em uma das Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município, como forma de resgatar os saberes das comunidades tradicionais de Conde e oferecer capacitação aos trabalhadores e usuários na elaboração de fitoterápicos, além do conhecimento de prática integrativas complementares.

Em parceria com a Associação Conde Orgânico foi construída uma horta na UBS do Centro, onde foi retirada parte das ervas e plantas utilizadas no processo de criação dos fitoterápicos. Nessa etapa, foram criados três fitoterápicos: um para ansiedade e depressão, um para gastrite e outro para diabetes. Todos foram produzidos na própria unidade, com plantas cultivadas no local pelos plantadores, usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e também por profissionais de outras secretarias da gestão.

O público-alvo do curso são servidores públicos da Atenção Básica da Secretaria de Saúde da Prefeitura de Conde, usuários da política municipal de saúde do Município e membros das instituições parceiras. Foram ofertadas 20 vagas por turma, sendo 10 destinadas aos servidores e as demais, aos usuários e entidades parceiras mediante inscrição prévia obrigatória.

De acordo com a secretária de Saúde de Conde, Renata Martins Domingos, a segunda fase do programa vai trazer para os trabalhadores das unidades de saúde mais práticas integrativas. As aulas são ministradas pelo professor Emmanuel Fernandes Falcão, da UFPB. A secretária também destacou que a Prefeitura de Conde pretende iniciar a implementação do programa em outras unidades.

“O curso é muito importante, pois despertou nas pessoas, principalmente nos trabalhadores, uma visão de que muitos deles também estavam em um processo de adoecimento, e para cuidar de outras pessoas, precisamos cuidar de nós mesmos. O curso trouxe uma consciência individual e possibilitou que eles buscassem formas de se autocuidar para poder cuidar do outro. É um curso pioneiro no Brasil. Percebemos também que ele trouxe uma maior afinidade entre os profissionais, conseguimos produzir três fitoterápicos e agora estamos usando em algumas pessoas e vamos monitorar a situação de saúde dessas pessoas antes e depois do uso. A ideia também é mostrar que as plantas curam, e que muitas vezes o medicamento que a população tanto procura causa uma dependência ou outro problema de saúde, o que os fitoterápicos não causam”, disse.

Para Renata, as parcerias realizadas para o programa mostram que é possível fazer muito com pouco investimento, tendo como auxiliador a doação de trabalho dos envolvidos, forma que é incentivada e praticada pela gestão da prefeita Márcia Lucena.

“Estou muito feliz, porque percebi que com parcerias, é possível fazer muito com muito pouco. Pouco investimento de recurso público e com muito investimento de doação do trabalho individual das pessoas. Nada foi cobrado, tudo foi feito por meio de parceria e cooperação e essa também é uma forma que a gestão incentiva e pratica”, pontuou.

A coordenadora do projeto, Deborah Melo explica que a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que mais de 50% dos medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos de forma inadequada, e que grande parte dos pacientes não utiliza corretamente, por isso, foi necessário buscar alternativas para esse risco crescente, fortalecendo as práticas integrativas e a utilização dos fitoterápicos por meio dos conhecimentos populares.

“O excesso do uso de medicamentos industrializados é um dos grandes riscos para saúde da população, a Organização Mundial de Saúde estima que mais de 50% dos medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos de forma inadequada, e que grande parte dos pacientes não utiliza corretamente. O Ministério da Saúde instituiu o Comitê Nacional para a Promoção do Uso Racional de Medicamentos (CNPURM) em 2007, que visa procurar alternativas para esse controle e desse excesso. E acreditamos que uma das alternativas para esse risco crescente, é fortalecer as práticas integrativas e a utilização do fitoterápico no cuidado em saúde, que historicamente são eficazes no tratamento da saúde pelos conhecimentos populares”, destacou a coordenadora.