PF suspeita que milícia tenha infiltrados em delegacia do caso Marielle

Pelo menos oito inquéritos da DH (Delegacia de Homicídios) do Rio estão sob análise da PF (Polícia Federal) por determinação da PGR (Procuradoria-Geral da República). Dentre as investigações submetidas à varredura se destacam os casos relacionados às execuções da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de Anderson Gomes, cujos assassinatos completam um ano hoje, e de dois herdeiros de clãs da máfia do jogo do bicho: Hayton Escafura e Myro Garcia, assassinados em 2017.

A PF apura a suspeita que a milícia conhecida por “Escritório do Crime” conte com infiltrados dentro da DH, conforme depoimentos de dois delatores ouvidos pela PGR.

Um dos delatores, o ex-PM Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica, apelido em referência ao bairro onde ele chefiava uma milícia na zona oeste do Rio, afirmou em depoimento que integrantes do “Escritório” pagavam uma mesada a alguns policiais da DH para que investigações sobre as execuções praticadas pelo grupo paramilitar não chegassem aos responsáveis pelos crimes.

Além de Curicica, um segundo delator –um homem que sobreviveu a uma tocaia do grupo de matadores de aluguel – afirmou que há infiltrados entre os agentes que atuam na delegacia especializada.

Além da apuração sobre as mortes de Marielle e Anderson, o UOL confirmou o “pente-fino federal” em outros três casos: o homicídio do empresário Marcelo Diotti da Mata, morto a tiros na mesma noite em que a vereadora e o motorista foram assassinados. E as duas mortes de herdeiros do jogo do bicho citadas acima (leia mais detalhes abaixo).

Em 21 de fevereiro passado, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em imóveis de pessoas citadas pelos delatores. Dentre eles, o ex-deputado estadual e conselheiro afastado do TCE (Tribunal de Contas do Estado), Domingos Brazão. Ele, que é suspeito de obstruir a investigação do caso Marielle, e chegou a ser preso no âmbito da Operação Quinto do Ouro em março de 2017. Esta operação apura o esquema de propina no TCE fluminense.

Procurada por email para comentar a investigação da PF, a Polícia Civil do Rio não respondeu à reportagem.

UOL