PF deflagra a 27ª etapa da Operação Lava Jato na Grande São Paulo

A Polícia Federal (PF) cumpre 12 mandados judiciais da 27ª fase da Operação Lava Jato em São Paulo desde a madrugada desta sexta-feira (1º). A ação foi batizada de Carbono 14 em referência a procedimentos usados para investigar fatos antigos.

Foram presos temporariamente o empresário e dono do jornal “Diário do Grande ABC” e de empresas do setor de transporte e coleta de lixo Ronan Maria Pinto e o ex-secretário geral do PT Silvio Pereira. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares é alvo de condução coercitiva – quando uma pessoa é levada a depor mesmo contra a vontade. Ele chegou à sede da PF por volta das 8h escoltado por agentes federais.

Também é alvo de condução coercitiva o jornalista Breno Altman. Até as 9h27, a PF não tinha informado se ele já tinha prestado o depoimento.

Os mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos nas empresas DNP Eventos, Expresso Santo André no Diário do Grande ABC.

Do total de mandados expedidos, dois são de prisão temporária, oito de busca e apreensão, além de dois de condução coercitiva. A ação ocorre em São Paulo, Carapicuíba, Osasco e Santo André.

Entre os crimes investigados estão extorsão, falsidade ideológica, fraude, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

A prisão temporária tem prazo de cinco dias e pode ser prorrogada pelo mesmo período ou convertida em preventiva, que é quando o investigado fica preso à disposição da Justiça sem prazo pré-determinado. Os presos serão levados para a Superintendência da PF, em Curitiba.

Investigações
O Ministério Público diz que o pecuarista José Carlos Bumlai, que já foi preso pela Lava Jato e é amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contraiu um empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões junto ao Banco Schahin em outubro de 2004.

O objetivo seria quitar dívidas do PT e foi pago por intermédio da contratação fraudulenta da Schahin como operadora do navio-sonda Vitória 10.000, pela Petrobras, em 2009, ao custo de US$ 1,6 bilhão.

As investigações descobriram que, do valor total emprestado de R$ 12 milhões a Bumlai, pelo menos R$ 6 milhões foram pagos ao empresário Ronan Maria Pinto.

Os investigados usaram várias estratégias para transferir os recursos, arquitetando um esquema de lavagem de dinheiro que envolveu Ronan, pessoas ligadas ao PT e outras pessoas.

“Há provas que apontam para o fato de que a operacionalização do esquema se deu, inicialmente, por intermédio da transferência dos valores de Bumlai para o Frigorifico Bertin, que, por sua vez, repassou a quantia de aproximadamente R$ 6 milhões a um empresário do Rio de Janeiro envolvido no esquema”, diz nota do MPF.

Em depoimento à PF, Bumlai confessou que houve fraude na quitação do empréstimo de R$ 12 milhões. Ele disse também acreditar que o dinheiro seria para pagar dívidas de campanha eleitoral em Campinas (SP) e para “caixa 2” do PT.

Foragido preso
A PF informou também que Luiz Eduardo da Rocha Soares, que teve um mandado expedido na 26ª fase e estava foragido, foi preso na quarta-feira (30) e também será levado para a capital paranaense nesta sexta. Ele estava no exterior e não tem relação com a 27ª fase, ainda de acordo com os delegados.

26ª fase
A 26ª fase foi deflagrada no dia 22 de março e cumpriu 108 mandados judiciais. A ação foi batizada de Xepa e é um desdobramento da Operação Acarajé, a 23ª fase, que ocorreu em fevereiro deste ano e investiga o pagamento de propinas por parte do Grupo Odebrecht a agentes públicos.

Na quinta-feira (24), o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, decretou sigilo sobre toda a investigação referente à 26ª etapa.

Ao todo, 13 pessoas foram presas. Nove tiveram mandados temporários expedidos e deixaram a carceragem com o fim do prazo, que era de cinco dias.

Os demais tiveram mandado preventivo e estão detidos na carceragem em Curitiba. São eles:

1) Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho – executivo da Odebrecht.
2) Olivio Rodrigues Júnior – sócio da empresa JR Graco Assessoria e Consultoria Financeira Ltda. O nome dele constava na agenda de Maria Lucia Tavares.
3) Marcelo Rodrigues – é irmão de Olívio ligado a off-shores Klienfeld Services, utilizada pela Odebrecht para pagar propina a agentes da Petrobras.
4) Luiz Eduardo da Rocha Soares – executivo da Odebrecht e foi o último a ser preso.

Na segunda-feira (28), Moro decidiu enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) as investigações da 23ª e 26ª fases. Segundo Moro, planilhas apreendidas identificam pagamentos a autoridades com foro privilegiado. Entretanto, ainda de acordo com o juiz, ainda é prematura qualquer conclusão sobre a natureza ilícita, ou não, dos pagamentos que fazem parte dos documentos.

As informações são do G1.