Pesquisadores brasileiros isolam variante ômicron do coronavírus

Pela primeira vez, pesquisadores brasileiros conseguiram isolar uma cepa da variante ômicron do coronavírus. Cientistas da USP obtiveram a variante de um casal contaminado que mora na África do Sul e veio para o Brasil a passeio.

Agora o vírus será cultivado e amostras serão distribuídas para laboratórios ao redor do país. Apenas instalações que possuam nível 3 ou superior de biossegurança podem receber e realizar pesquisas com o coronavírus, para garantir que não haja contaminação dos pesquisadores. O mesmo já era feito com as variantes anteriores.

A variante ômicron do coronavírus foi identificada pela primeira vez na África do Sul e rapidamente elevada à categoria de variante de preocupação pela Organização Mundial da Saúde.

Essa nova cepa, que já foi identificada no Brasil, tem causado preocupação em todo mundo, e poderá levar ao aumento dos casos de mortes. Ainda estão sendo feitos estudos para avaliar a possibilidade de escape vacinal pela variante, mas resultados preliminares mostram que três doses dos imunizantes podem ser suficientes para proteger a população.

As amostras foram coletadas no Hospital Albert Einstein e encaminhadas para a USP na última quarta-feira (8). O grupo de pesquisadores, liderados pelo professor Edison Luiz Durigon, foi o mesmo que isolou a primeira amostra de coronavírus no país, em fevereiro de 2020. Na época, o feito permitiu o desenvolvimento dos primeiros testes para covid-19 e a realização de outros estudos sobre doença.

Tanto em 2020 quanto agora, o isolamento da cepa foi possível graças a uma técnica chamada VNT, que foi aprimorada pelos cientistas brasileiros durante a epidemia de zika. Nesse trabalho, as amostras coletadas dos pacientes são incubadas com células no laboratório, que desenvolvem aspectos físicos que permitem identificar o patógeno.

A intenção agora é que as amostras ajudem a identificar a disseminação da cepa pelo país. Além disso, permitirá novos estudos que avaliem a eficácia das vacinas no combate à ômicron, em especial as aplicadas no Brasil.

Há a previsão de que em duas semanas já haja material o suficiente para distribuir para os laboratórios parceiros no país. Em alguns casos especiais há urgência pelo material, que deve ser enviado com antecedência.