Pesquisa aponta vitória da extrema-direita nas eleições da França

Partido Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen, lidera com 34% dos votos, de acordo com levantamento

Foto: Redes Sociais
Pesquisa de boca de urna realizada por quatro institutos aponta vitória da extrema-direita nas eleições legislativas francesas, realizadas neste domingo (30). Segundo levantamento, realizado pelos institutos Ifop, Ipsos, OpinionWay e Elable, o Reagrupamento Nacional (RN), de Marine Le Pen, lidera com 34% dos votos, seguido pelo bloco formado por siglas da esquerda com 28,1% e, em terceiro lugar, a coalizão de partidos de centro liderada pelo atual presidente Emmanuel Macron, com 20%.

Antecipadas há três semanas após o presidente Macron dissolver o parlamento por causa do desempenho ruim de seu partido, o centrista Renascimento, e do avanço da extrema direita no Parlamento Europeu.

Segundo a agência Associated Press, Macron votou, em Paris, acompanhado da primeira-dama, Brigitte Macron. Marine Le Pen, populista, possível presidenciável e líder do partido vencedor Reagrupamento Nacional (RN), votou no norte da França.

O RN derrotou a sigla de Macron no Parlamento Europeu. E isso pode se repetir no Legislativo francês, segundo mostram pesquisas.

Diante do resultado, Macron, de centro, pediu uma aliança ampla entre “candidatos republicanos e democráticos” para o segundo turno das eleições, que acontecem em 7 de julho. Já Marine Le Pen pediu aos franceses que deem a maioria absoluta no Parlamento à sua sigla.

França pode entrar em “coabitação”? E o que isso significa?

O resultado das eleições legislativas pode impactar profundamente a política doméstica e internacional da França, um dos países mais importantes da União Europeia (UE).

Preocupações com inflação e economia devem influenciar os cerca de 49,5 milhões de eleitores franceses na escolha dos 577 membros da Assembleia Nacional. E o RN, anti-imigração, anti-UE e com forte presença nas redes sociais, tem conseguido capturar esse descontentamento.

Uma mudança pode provocar cenário chamado de “coabitação” na França, com presidente e primeiro-ministro de polos políticos opostos. Em caso de maioria do RN no parlamento, Maron poderia ter de nomear Jordan Bardella, jovem de 28 anos que preside o RN, como premiê.

Isso enfraqueceria o poder de Macron dentro e fora da França. Bardella sinalizou, por exemplo, que o país poderia mudar radicalmente de posição em relação à guerra na Ucrânia, já que a sigla tem laços com a Rússia. Internamente, o RN poderia questionar políticas de imigração e de dupla nacionalidade de nascidos no país.

As eleições parlamentares servem como prévia do pleito presidencial, marcado para 2017. Le Pen deverá ser o nome do RN, enquanto Macron não poderá concorrer, já que terá cumprido dois mandatos.

Historicamente, a França vivenciou três períodos de coabitação, o mais recente entre o presidente conservador Jacques Chirac e o primeiro-ministro socialista Lionel Jospin, de 1997 a 2002.

Como funciona a eleição parlamentar na França?

A Assembleia Nacional de França tem 577 cadeiras, um para cada um dos seus distritos eleitorais. Para obter a maioria absoluta, um partido precisa de 289 assentos em uma eleição que pode ter segundo turno.

Primeiro turno: no domingo das eleições, um candidato parlamentar precisa obter mais de 50% dos votos para ser eleito diretamente. Se nenhum candidato atingir essa maioria absoluta, os dois principais candidatos, juntamente com qualquer outro que tenha recebido o apoio de mais de 12,5% dos eleitores registrados no distrito, avançam para o segundo turno.

Segundo turno: o segundo turno geralmente ocorre uma semana após o primeiro. Nesta fase, os eleitores podem escolher entre os dois principais candidatos que passaram do primeiro turno. Em alguns casos, três ou até quatro candidatos podem avançar para o segundo turno, mas é comum que alguns candidatos desistam para aumentar as chances de um concorrente que tenha mais chances de derrotar um candidato de extrema direita, como ocorreu na última eleição, por exemplo