Personal trainer diz que Djidja Cardoso aplicou cetamina nele sem consentimento

Foto: Reprodução/Redes Sociais

O ex-personal trainer da família de Djidja Cardoso, Hatus Silveira, revelou que a ex-sinhazinha do Boi Garantido Djidja Cardoso aplicou cetamina de surpresa nele durante uma visita até a casa onde ela morava. Ele presta depoimento à polícia sobre a relação que teve com a família Cardoso, na tarde desta terça-feira (4).

Djidja foi encontrada morta dentro da própria casa, em Manaus no último dia 28. A principal suspeita é que ela teve uma overdose de cetamina. De acordo com a Polícia Civil, ela, o irmão e a mãe, que estão presos, já eram investigados há mais de um mês por envolvimento em um grupo religioso que forçava o uso da droga para alcançar uma falsa plenitude espiritual.

No 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), delegacia que investiga o caso, Hatus Silveira disse à imprensa que em janeiro foi convidado pela família para ir até a casa pois eles queriam voltar a treinar para recuperar o condicionamento físico.

Quando chegou ao local, ele disse que a mãe de Djidja, Cleusimar Cardoso, ofereceu cetamina a ele, que negou.

“Nesse dia que eu fui lá, tinha sete pessoas sentadas na sala, com uma tv escrito ‘Cartas de Cristo’. Quando passei por lá, a ‘dona Cleu’ falou ‘você tem que usar isso, você tem que sair da Matrix’. Eu falei que conhecia esse tipo de droga e que não ia usar”, disse Hatus.

Ele contou que após a oferta, deixou a sala e foi para a cozinha, onde estavam Ademar Cardoso, irmão de Djidja, e a companheira dele, que estava visivelmente debilitada.

Enquanto conversava com Ademar na cozinha, Hatus contou ainda que Djidja Cardoso chegou por suas costas e aplicou cetamina em seu braço sem que ele tivesse consentido.

“Quando eu estava conversando com o Ademar, eu estava de costas e chegaram com a agulha e aplicaram em mim. Muito rápido. Eu falei ‘Não faça isso’. Eu fiquei tonto por uns 15 minutos”, lembrou Hatus.

No mesmo dia, a família ainda insistiu para treinar com o personal, que afirmou que eles não tinham condições de fazer os exercícios que ele passava devido aos efeitos do entorpecente. Após o episódio, ele disse que decidiu se afastar da família.

“Quando eu vi todo mundo naquela situação, não conseguiam treinar, não conseguiam nem fazer um agachamento. Eu falei ‘tenho que me afastar disso aqui’. Está todo mundo drogado, já estão se prejudicando, eu vou embora daqui”, contou.

Causa da morte de Djidja

Djidja, que por cinco anos foi uma das estrelas do Festival de Parintins, foi encontrada morta no último dia 28. O laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML) aponta que a morte da ex-sinhazinha foi causada por um edema cerebral que afetou o funcionamento do coração e da respiração.

O laudo, no entanto, não aponta o que teria levado Djidja ao quadro.O resultado final da necrópsia e o exame toxicológico devem ficar prontos ainda este mês.

A principal hipótese da polícia é de que a morte da ex-sinhazinha tenha relação com uma overdose de cetamina, substância anestésica que causa efeitos alucinógenos, sensação de bem-estar e tem potencial sedativo quando usado como droga recreativa.

Após a morte de Djida, a polícia deflagrou a operação Madrágora que prendeu o irmão e a mãe da ex-sinhazinha, e outros três funcionários da rede de salões de beleza da família Cardoso por envolvimento em um grupo religioso denominado “Pai, Mãe, Vida”, que induzia os seguidores a acreditar que, com a utilização da droga cetamina, seria possível transcender para outra dimensão e alcançar a salvação espiritual.

Os cinco presos responderão por 13 crimes, segundo a polícia: tráfico de drogas, associação para o tráfico de drogas, por colocar em risco a saúde ou a vida de terceiros, falsificação, corrupção, adulteração de produtos destinados a fins terapêuticos e medicinais, aborto induzido sem o consentimento da gestante, estupro de vulnerável (no caso de Ademar), charlatanismo, curandeirismo, sequestro, cárcere privado e constrangimento ilegal. Do g1.