Patrick Nogueira é condenado a prisão perpétua pela morte de tio e primos na Espanha

François Patrick Nogueira Gouveia foi condenado a prisão perpetuamente revisável pela morte do tio, Marcos Campos Nogueira, e dos dois primos, em Pioz, na Espanha, e a 25 anos de prisão pela morte da tia, Janaína Américo. A sentença foi lida nesta quinta-feira (15), pela juíza Maria Elena Mayor Rodrigo, segundo o jornal espanhol El Mundo. Após seis dias de julgamento na Espanha, Patrick foi considerado culpado em júri popular no dia 3 de novembro.

Ainda segundo o El Mundo, a juíza determinou qua a pena de Patrick não poderá ser alterada até ele cumprir 22 anos de cárcere. Além disso, a revisão da condenação só poderá ser feita após o cumprimento de 30 anos de prisão.

Patrick Nogueira está preso na Espanha desde outubro de 2016, quando se entregou às autoridades espanholas e confessou ter matado os tios e dois primos, de 1 e 4 anos de idade, em um chalé na pequena cidade de Pioz em agosto de 2016. Desde então, o acusado e réu confesso seguia aguardando julgamento.

Segundo o jornal El Mundo, Patrick é a quinta pessoa a ser condenada a prisão perpétua revisável no país. No entanto, é a primeira vez que alguém é condenado a pena máxima por três crimes. O jovem não assistiu à leitura da sentença, mas ouviu através de uma video-conferência da prisão de Estremera, onde está preso.

Paraibano Patrick Nogueira é considerado culpado por assassinatos na Espanha

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Júri popular

A deliberação dos jurados começou nesta sexta-feira no dia 2 de novembro, quando a juíza devolveu o veredicto ao júri por falta de motivação, e terminou no dia seguinte. O julgamento de Patrick Nogueira durou entre os dias 24 e 31 de outubro. Mais de 65 pessoas prestaram depoimento no júri, entre eles familiares do assassino e das vítimas, policiais que trabalharam na investigação do crime e médicos e psicólogos forenses.

O júri declarou que Patrick Nogueira matou os tios e primos com intencionalidade, sem considerar qualquer defesa. Após cerca de oito horas de deliberação, o tribunal do júri, composto por sete homens e duas mulheres, entregou o veredicto à juíza Elena Mayor.

Tanto o Ministério Público espanhol como a acusação particular tinham pedido a pena de prisão permanente revisável, que funciona como uma prisão perpétua na Espanha. A defesa de Patrick Nogueira, por sua vez, pediu a reclusão do réu por 25 anos alegando danos cerebrais que o colocava em condição de doente, fato que faria com que ele não respondesse por seus atos.

No último dia de julgamento, Patrick Nogueira pediu perdão mais uma vez aos familiares e falou que sofre como eles. Patrick explicou, em seu depoimento, que sofre porque “cavou” seu túmulo quando criança. Ele afirmou que gostaria de receber tratamento porque não gosta de ser assim e que acredita que as coisas agora vão piorar.

“Agora não posso consertar o que passou”, disse Patrick Nogueira.

François Patrick Nogueira sentou no banco dos réus no dia 24 de outubro, na Espanha — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

Defesa indicava dano cerebral

Laudo feito por médicos contratados pela defesa de Patrick Nogueira indicava que ele tem deformações no cérebro que afetam a tomada de decisões e contribuem para acessos de ira. De acordo com o laudo, após exames de tomografia e radiografia no cérebro de Patrick Gouveia, foram detectados distúrbios e anomalias no lado direito do lóbulo temporal anterior.

O dano neurológico encontrado em Patrick Gouveia, detectado por exames de imagem, indicam que ele teria uma alteração na avaliação correta das situações, de forma a emitir respostas desproporcionais aos fatos. A tese foi negada pelo júri.

Ministério público pediu que júri não temesse

A promotora-chefe Rocio Rojo, pediu que o júri não tivesse medo de impor a pena máxima ao réu confesso. “Patrick é uma pessoa com um tremendo mal e deve ser punido com prisão permanente. Não tenham medo, pois a prisão permanente é revisável”, argumentou. As informações são da emissora de televisão Antena 3.

Para a promotora Rocío Rojo, não havia dúvida que foi Patrick o autor da chacina, fato que está claro desde o início. Para ela, independente dos motivos dentro da cabeça do assassino confesso que levaram a cometer a chacina, ficou comprovado que não foi um crime cometido impulsivamente.

Parentes se despedem em velório com cinzas de família morta na Espanha — Foto: Dani Fechine/G1