Paraíba deve ter epidemias de zika e chikungunya ainda mais fortes em 2017

O aumento significativo dos casos registrados de dengue, zika e chikungunya em 2016 deve provocar na Paraíba uma epidemia ainda maior no próximo ano. A afirmação é do diretor da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Rivaldo Venâncio, que participou de um seminário sobre o assunto nesta quinta-feira (1º).
De acordo com o último boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado, somente a dengue registrou 35.938 casos, contra 19.380 em 2015, o que representa um aumento de pouco mais de 80%. Com relação ao zika vírus, foram registrados 4.687 casos suspeitos da doença, sendo que em 2015 foram confirmadas apenas 12. Quanto às notificações de suspeita de chikungunya, no período de 1º de janeiro a 5 de novembro de 2016, foram registrados 20.290 casos suspeitos. A primeira confirmação laboratorial do primeiro caso de chikungunya na Paraíba ocorreu em dezembro de 2015 e ao todo foram registrados 23 casos naquele ano.
“Em 2015, foram identificados 38 mil casos de zika e de chikunguya no país. Neste ano, o número subiu impressionantemente para 255 mil. Só o estado do Rio já teve mais de 15 mil casos da doença até o mês de outubro. Claro que durante os meses em que o calor foi menor e com menos chuvas, a velocidade da transmissão diminuiu, mas agora estamos prestes a entrar no verão. E com ele, voltam as altas temperaturas e as chuvas intensas, que são condições mais do que ideais para a proliferação da doença. Como ainda não combatemos esses vírus da maneira adequada, uma epidemia ainda maior se anuncia para os próximos meses”, disse.
De acordo com Venâncio, a transmissão da febre do Mayaro, doença infecciosa aguda causada por vírus, que provoca sintomas semelhantes aos da chikungunya, pelo Aedes aegypti ainda não pode ser confirmada. O pesquisador explicou que o vírus é transmitido majoritariamente por mosquitos silvestres, conhecidos como Haemagogus.
“Isto é, de áreas rurais, de matas e etc. O que houve foi que, em estudos preliminares, foi constatado um potencial do Aedes como vetor do vírus. Esses estudos ainda precisam passar por aprofundamento. A preocupação é com o que chamamos de tríplice epidemia: dengue, zika e chikungunya. Claro que o Rio de Janeiro, por ter a peculiaridade de possuir uma fatia da Mata Atlântica, misturada ao seu espaço urbano, poderia apresentar a presença do Haemagogus, mas isso é algo que também precisa ser analisado com maior cuidado”, afirmou o diretor.
“Nem o sistema público e o privado estão preparados para essa epidemia. Especialmente a zika e a chikungunya que, diferentemente da dengue, exigem uma abordagem multiprofissional. Claro que temos profissionais altamente capacitados, mas há a necessidade da atualização de seus conhecimentos para o manejo clínico, seja com cursos de capacitação na área ou alguma outra ideia. Isso que será discutido aqui ao longo de hoje e amanhã”, disse Rivaldo.