Paraíba é 4º no Nordeste e 8º no país em denúncias de violação sexual infantil

Abusar alguém sexualmente é retirar o direito da escolha do prazer da vítima. Abusar uma criança é antecipá-la de forma covarde à vida adulta e tornar cinza um mundo colorido pela própria natureza. De acordo com dados do Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, em quatro anos, o número que reflete a diminuição dos casos de denúncia equivale, percentualmente, a 54% de ligações na Paraíba.

Em 2011, a Paraíba se posicionou em 13º lugar no ranking das denúncias de todo país, com 844 ligações destinadas ao Disque 100, número que atende aos casos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Já em 2015, até o início de novembro, o Estado é o 8º no país com maior número de denúncias. Foram contabilizadas 382 ligações relatando casos de violação sexual, um valor que pode confundir a cabeça de muita gente.

Mas, de 2014 para 2015, houve uma diminuição de 38,9% de denúncias, pois, no ano passado, foram registradas 619.

E em meio aos estados nordestinos, a Paraíba atualmente é o 4º em número de ligações ao Disque 100 com esse tipo de crime, ficando atrás para Sergipe (1413), Bahia (702) e Piauí (487).

É necessário lembrar que a grande maioria dos casos é realizado dentro dos próprios lares e de forma velada e a redução das denúncias pode ser, possivelmente, o silêncio por parte das vítimas.

A necessidade de campanhas de apoio às denúncias dos casos é de extrema importância, pois o aumento, nos últimos anos, das denúncias é consequência delas. O Disque 123 foi instituído pelo Governo do Estado em 2014, e foi o primeiro disque estatal de todo o país, um instrumento a mais na celeridade dos processos de apuração dos casos de violação de direitos aos vulneráveis. Somente este ano, foram recebidas 37 denúncias do Disque 123.

violação sexual

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Crimes mais comuns

De acordo com a titular da Delegacia Especializada em Crimes contra Infância, Joana D’Arc, os crimes mais comuns são estupros e tentativas práticas libidinosas. “Dentro da nossa delegacia, a maior incidência é de pais e padrastos, mas já recebemos casos de tios, padrinhos, professores, mas no geral, não há um perfil nem das vítimas nem dos abusadores. Por serem, grande parte das vezes, praticados dentro do lar, isso não distingue entre o lar de uma criança pobre de uma criança rica. São de todas as classes sociais”, afirma Joana.

Muitos acreditam que a quantidade de casos e denúncias tem aumentado, no entanto, é importante lembrar que o número de campanhas e órgãos que atendem a essas demandas que antes, até inexistentes, também aumentou.

“Eu sempre informo o seguinte, desde que eu comecei a trabalhar nessa delegacia o número também tem aumentado, mas não sei dizer se eles tem aumentado com relação ao que já havia antes, porque a gente não tinha estatísticas, não tínhamos delegacia especializada, não tínhamos o aparato que temos hoje. Então, em relação a criação da delegacia até agora, só vem aumentando”, constata a delegada.