Santa Catarina atingiu na manhã desta segunda-feira (1º) o recorde no número de ocupação de leitos em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) para tratar pacientes com Covid-19. Dos 803 ativos, apenas cinco leitos estão disponíveis. O índice de ocupação é de 99,38%.
Segundo dados mais atualizados da fila de espera, na noite de domingo (28), 222 pessoas esperavam por uma vaga. Ao menos cinco pessoas morreram à espera de leitos de UTI no estado. As famílias de pacientes relatam que a situação causa angústia e tristeza.
As regiões do Grande Oeste, Meio-Oeste e Serra catarinense, Sul e Foz do Rio Itajaí não têm mais leitos disponíveis.
Painel de leitos de UTI SUS em SC atualizado às 11h08 — Foto: Secretaria de Estado da Saúde (SES)
Na Grande Florianópolis, a taxa de ocupação é de 99,26% e no Vale do Itajaí o índice é de 99,22%. Já no Planalto Norte e Nordeste, onde há o menor lotação, o mapa mostra o número 97,83%. (Veja os dados no mapa acima).
Espera por leitos de UTI por região:
- Macrorregião da Grande Florianópolis: 20 pessoas esperando por leito de UTI;
- Macrorregião Sul: 8 pessoas esperando por leito de UTI;
- Macrorregião Meio-Oeste: 20 pessoas esperando por leito de UTI;
- Macrorregião da Foz do Itajaí: 8 pessoas esperando por leito de UTI;
- Macrorregião da Serra Catarinense: 2 pessoas esperando por leito de UTI;
- Macrorregião do Grande Oeste: 136 esperando por leito de UTI;
Pelo menos cinco pessoas morreram em Santa Catarina esperando por vagas em leitos de UTI: quatro deles em Xanxerê, no Oeste, e uma técnica de enfermagem em Itapema, no Litoral Norte, que trabalhava na linha de frente de combate a doença.
Em relação à UTI-geral, para pacientes de outras doenças, a ocupação no estado era de 93,83%, segundo a atualização mais recente do governo do estado, das 11h desta segunda.
‘Você não pode fazer nada’
Os familiares dos pacientes que esperam por uma UTI relataram como é difícil a situação. Os pais de Elenice de Barros foram infectados pela Covid-19. Eles moram em Faxinal dos Guedes, no Oeste catarinense, e ficaram internados no hospital da cidade.
A mãe dela, Lourdes, de 75 anos, porém, acabou piorando e foi para o Hospital Regional São Paulo, em Xanxerê, a cerca de 20 quilômetros de Faxinal dos Guedes. No sábado (27), Elenice recebeu notícias da mãe.
Lourdes está intubada na enfermaria. O problema não seria só a falta de um leito. Segundo a filha, funcionários do hospital teriam dito que não existe transporte disponível para a mãe, mesmo que apareça um leito de UTI.
“’Agora não é mais problema a UTI, agora o problema é o transporte’. Eu falei ‘como assim?’. ‘Transporte, não temos transporte para conduzir a tua mãe’. Resumindo: nós voltamos sem nenhuma solução”, lamentou Elenice.
Elaine, de 46 anos, também está no Regional de Xanxerê esperando por um leito. O marido, Jair dos Santos, só fala com ela por aplicativo de celular. “O médico passou que ela vai ter que ir para UTI porque está com problema no pulmão. Daí a diabete dela não abaixa. Estamos esperando abrir uma vaga, não sei onde”, disse. Jair contou que se sente pequeno diante do problema.
A espera por uma solução para a mãe mantém Elenice acordada durante a noite. “É muito triste. É difícil porque, quando o telefone toca, a gente já sabe que notícia vai receber e daí de noite não consegue dormir, porque fica acordando. É muito triste esta espera”, lamentou.
Visita de organização pan-americana
A Secretaria de Estado da Saúde informou que deve chegar nesta terça (2) a Chapecó, no Oeste catarinense, uma equipe da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS). O objetivo, conforme a pasta, é o fortalecimento da rede de atenção à saúde hospitalar e de Pronto Atendimento dos municípios que fazem parte da região Oeste.
Durante quatro dias, a equipe da OPAS deve realizar visitas a unidades de saúde para discutir os processos de atendimento, manejo e monitoramento de pacientes com Covid-19, além de propor ações para melhorar o fluxo assistencial entre os postos de saúde e os hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
Uma outra equipe está prevista para vir a Santa Catarina na próxima segunda (8), desta vez para visitar os municípios das regiões da Grande Florianópolis, Sul, Foz do Rio Itajaí e Norte. Estão previstas visitas a unidades de saúde dos municípios de Florianópolis, Criciúma, Araranguá, Balneário Camboriú, Itajaí e Joinville.
Situação da Covid-19 em SC
Santa Catarina somou, neste domingo (28), 7.358 mortes causadas pelo novo coronavírus. Segundo o boletim divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde, o estado tem recorde de internados em UTI. São 940 pacientes espalhados pelas sete regiões catarinenses. No sábado (27), eram 926 pessoas, contando as redes pública e privada.
Desde março de 2020, 670.603 pessoas se infectaram com o vírus em Santa Catarina.
Matriz de risco da Covid-19 mostra todas as regiões em nível gravíssimo em SC – 27/02/2021 — Foto: Reprodução/Governo de Santa Catarina
Santa Catarina voltou a ter todas as 16 regiões de saúde em risco gravíssimo para a Covid-19, segundo a matriz divulgada pelo governo do estado na manhã de sábado (27). A outra vez em que o estado teve todas as regiões no nível gravíssimo foi em 23 de dezembro.