Vencedores e derrotados – Capítulo I

João Azevedo, com eleição de Cícero, coroa vitória maiúscula no estado

Por José Augusto de Almeida

Em todo processo eleitoral, ao seu término, saltam das urnas os números e, consequentemente, vencedores e derrotados. Neste espaço de análise vamos tentar apontar os que obtiveram êxito e os que fracassaram nesta confusa eleição pandêmica. E quais seriam seus reflexos na grande disputa de 2022, quando estarão em jogo os destinos do país, dos estados e a renovação das Assembleias Legislativas, Câmara Federal e 1/3 do Senado.

Na Paraíba, até os bolsonaristas, cassistas e ricardistas mais radicais, que fazem oposição sistemática ao governador João Azevedo sabem que ele já tinha sido o grande vencedor, como liderança política, do primeiro turno. Com a eleição no segundo turno de Cicero Lucena, candidato que ele apoiou indicando o vice de seu partido, o vereador Léo Bezerra, a vitória amplificou.

Não à toa, Romero, Cássio e Cia desceram a Serra da Borborema para apoiar o radialista Nilvan Ferreira, fazendo tudo para evitar a vitória de Cícero e do seu principal apoiador, o governador que tentará a reeleição daqui a dois anos.

Técnico reconhecido e responsável pelas grandes obras nos oitos anos que projetaram as gestões de Ricardo Coutinho, João não passava de um neófito em política. Para completar, perdeu seu padrinho político e praticamente se viu expulso do partido pelo qual foi eleito, o PSB. Ainda teve que remontar o Governo, despedaçado pela Operação Calvário e enfrentou um terrível inimigo invisível que destroçou diversos governos estaduais este ano: a pandemia do coronavírus.

João tinha tudo pra dar errado. Mas acabou dando quase tudo certo. Domou a pandemia, equilibrou o estado financeiramente e inaugura obras sem parar. Se filiou a um partido minúsculo na Paraíba e, em menos de um ano, o transformou na maior força partidária estadual.

O Cidadania saltou de um prefeito (o de Cuité, reeleito por sinal) para 42. De cinco vice-prefeitos para 39 e de dezenas de vereadores para mais de três centenas. Declarando apoios em quase todos os municípios, viu os partidos de sua base elegerem nada menos que 153 prefeitos nos 223 municípios paraibanos.

Ganhou com os aliados nos maiores colégios eleitorais do estado e em cidades simbólicas, a exemplo de João Pessoa, Santa Rita, Cabedelo, Patos, Sousa, Alagoa Grande, Mamanguape, Itabaiana, Cabaceiras, São Bento, Araruna, Bananeiras, Cuité, Queimadas e Esperança. Até onde perdeu, teve sorte. Como em Campina Grande e Cajazeiras, já que o novo aliado, o PP de Aguinaldo e Daniela Ribeiro, também triunfaram nas duas cidades.

Derrota mesmo foi em Guarabira, Bayeux e Sapé. Com atenuante na rainha do brejo compensado pelo ingresso dos Paulino em seu grupo. E nos outros dois municípios por prefeitos que não são ligados aos seus adversários. E para fechar o firo, como se diz popularmente, assistiu de camarote a derrocada de seus maiores adversários atuais (e futuros) e dos partidos que lhe fazem oposição radical.

Ricardo Coutinho ficou em sexto lugar para prefeito de João Pessoa e viu seu PSB minguar de 53 prefeitos, em 2016, para apenas 5 nessa eleição. O PSDB de Cássio não passou para o segundo turno na capital e ficou de fora até da vice na chapa encabeçada por Bruno Cunha Lima, hoje no PSD de Romero. Reduziu de 37 para 25 o número de prefeituras do seu partido e aliados fiéis mesmo ele só tem em Guarabira e pequenas cidades no entorno da Borborema.

Não satisfeito com a derrocada, ainda entrou em uma “Operação Tabajara” no segundo turno na Capital, apoiando o radialista Nilvan Ferreira, tornando-se um dos grandes responsáveis pela derrota, de acordo com avaliação da imprensa.

O bolsonarista Walber Virgulino ficou em quarto lugar em João Pessoa e o seu Patriotas não elegeu um único prefeito. Tragédia vivenciada também por outra liderança que poderia disputar com João Azevedo o Governo em 2022, o ainda prefeito Luciano Cartaxo. Sua candidata Edilma, mais uma aposta familiar, ficou em quinto e o seu PV não elegeu um único prefeito no estado.

Na próxima análise vamos detalhar os demais vencedores e derrotados da eleição de 2020, pois serão eles que comporão o tabuleiro eleitoral de 2022. Como emergiram das urnas, por exemplo, o grupo Ribeiro e o PP; o prefeito Romero Rodrigues e seu PSD; Cicero Lucena e a volta por cima; os Santiago e o PTB; o MDB de José Maranhão; o senador Veneziano Vital e o Podemos, de Ana Claudia; o Avante, de Adriano Galdino; os Motta e o Republicanos, PSL dos Gadelha; Wellington Roberto e o PL; o DEM dos Efraim Moraes; o PDT dos Feliciano; Nilvan Ferreira, Ruy Carneiro e o deputado federal Gervasio Maia, além do PT e as esquerdas de um modo geral.

*José Augusto de Almeida é sociólogo e historiador