OMS suspende testes com hidroxicloroquina e pede cautela com dexametasona

Entidade vai organizar um grupo de especialistas para avaliar todo o estudo feito por Oxford e entender melhor como o medicamento pode ser aplicado

A Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu cautela com o uso da dexametasona e anunciou que vai suspender pela segunda vez os ensaios clínicos com hidroxicloroquina, dentro dos testes chamados “Solidariedade”, que buscam um tratamento para a covid-19.

A organização afirmou que a decisão sobre a hidroxicloroquina não afeta os tratamentos feitos fora destes testes e não altera protocolos anteriores. Os testes, um esforço global liderado pela organização, já haviam sido suspensos pela OMS no dia 25 de maio, mas, depois, foram retomados. Depois que os Estados Unidos revogaram a autorização para uso emergencial de cloroquina e hidroxicloroquina nos tratamentos, a organização reviu resultados dos testes e concluiu que “não há evidências de redução da mortalidade”.

Ainda na coletiva de hoje, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, agradeceu aos esforços dos pesquisadores britânicos que apresentaram ontem bons resultados sobre o uso da dexametasona em doentes graves com a covid-19. No entanto, a organização pediu cautela com o medicamento e alertou que não é preciso “correr para alterar protocolos médicos”.

“Precisamos de mais tratamentos que possam ser usados para combater a covid-19, incluindo os pacientes com sintomas mais leves. A OMS começou agora a coordenar uma análise de dados de vários ensaios clínicos para aumentar nossa compreensão sobre essa intervenção, como e quando a dexametasona deve ser usada para tratar os pacientes”, disse Tedros.

Os resultados apresentados ontem por pesquisadores da Universidade de Oxford mostraram a redução de um terço das mortes em pacientes graves que precisavam de tratamento com oxigênio e receberam o corticoide dexametasona.

O diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, reforçou, mais de uma vez durante a coletiva, que o medicamento só pode ser usado “com supervisão médica” e não como método preventivo da covid-19.

“É importante que o medicamento seja usado com supervisão médica. É um anti-inflamatório muito potente. Não é um tratamento para o vírus em si ou uma prevenção. É importante que a droga seja reservada a pacientes graves. E, como o diretor disse, é uma ótima notícia, mas é parte do que precisamos. Precisamos de uma combinação de medidas que salve o máximo de pacientes possível”, disse Ryan.

Segundo ele, a OMS vai organizar um grupo de especialistas para avaliar todo o estudo feito por Oxford e entender melhor como o medicamento pode ser aplicado. “Precisamos olhar todos os dados para que todos vejam o que o medicamento pode fazer. Vamos reunir os especialistas para avaliar e aconselhar os países. Essa não é a hora de correr e mudar protocolos. Pessoas precisam ser treinadas, precisamos entender como as doses devem ser aplicadas”.

Sobre o Brasil, Ryan afirmou que a epidemia ainda “é severa”. O país superou ontem os 900.000 casos confirmados do novo coronavírus. Ele avalia que há uma situação “que parece estar se estabilizando, mas já vimos isso acontecer em outros países, de haver uma estabilização e pouco tempo depois a curva subir de novo”.

“É preciso cumprir o distanciamento social, higiene, ajudar pessoas vivendo em condições precárias. É um momento para focar em medidas de saúde pública e quais terão impacto e evitarão que os hospitais entrem em colapso”.

Do UOL