OMS aprova uso emergencial da vacina Coronavac contra a Covid-19

Recomendação de uso é para adultos de 18 anos ou mais, em um esquema de duas doses com um espaçamento de 2 a 4 semanas

A OMS (Organização Mundial de Saúde) autorizou hoje o uso emergencial da CoronaVac, vacina contra a covid-19 desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac e que no Brasil é produzida pelo Instituto Butantan.

Com o anúncio, a vacina poderá ser usada por todos os instrumentos internacionais, como a Covax, e a esperança da OMS é de que, com isso, o mecanismo de distribuição de doses ganhe um novo impulso. Hoje, o sistema patina diante da falta de vacinas, concentradas apenas em alguns países do mundo.

A previsão original da OMS era de que o processo de revisão da CoronaVac fosse concluído em abril. Mas os técnicos da agência pediram maiores informações no caso do imunizante usado no Brasil, o que acabou arrastando o processo por várias semanas.

Hoje, uma reunião técnica decidiu pela aprovação do uso emergencial da CoronaVac. Além delas, a OMS já liberou as seguintes vacinas para este mesmo uso: Pfizer/BioNTech, AstraZeneca, Janssen, Moderna e Sinopharm.

No Brasil, a CoronaVac teve o uso emergencial aprovado em janeiro pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Além da vacina produzida pelo Butantan, o país aplica neste momento os imunizantes da AstraZeneca — produzido pela Fiocruz – e da Pfizer.

Uso para maiores de 18 anos

Segundo comunicado divulgado pela OMS, a CoronaVac atendeu aos padrões internacionais de segurança, eficácia e fabricação, sendo que a avaliação incluiu inspeções no local de produção. De acordo com a organização, o fácil armazenamento torna a vacina adequada para distribuição em contexto de poucos recursos.

A OMS disse ainda que recomenda a vacina para uso emergencial em adultos de 18 anos ou mais, em um esquema de duas doses com um espaçamento de duas a quatro semanas. “Os resultados da eficácia da vacina mostraram que a vacina preveniu doenças sintomáticas em 51% dos vacinados e preveniu covid-19 grave e hospitalização em 100% da população estudada”, diz o comunicado.

Segundo a OMS, os ensaios clínicos tinham a presença de poucos adultos com mais de 60 anos, o que inviabiliza estimar a eficácia neste grupo etário. Porém, a organização diz que não está recomendando um limite máximo de idade para a vacina porque os dados coletados durante o uso em vários países e os dados de imunogenicidade sugerem que a vacina tem um efeito protetor em pessoas idosas.

“Não há razão para acreditar que a vacina tenha um perfil de segurança diferente em populações mais velhas e mais jovens”, diz o comunicado.

Porém, a OMS recomendou que os países que usam a vacina em pessoas com mais de 60 anos realizem monitoramento de segurança e eficácia “para verificar o impacto esperado e contribuir para tornar a recomendação mais robusta para todos os países.”

Brecha para reabrir fronteiras para os brasileiros

Como adiantado pelo colunista do UOL Jamil Chade, uma chancela da OMS ajudar a abrir as portas da Europa para o turismo de brasileiros. Na União Europeia, o acordo estabelecido entre governos é de que pessoas vacinadas com duas doses poderão voltar a viajar para os 27 países do bloco. Mas apenas as vacinas aprovadas na UE serão aceitas. A lista inclui Pfizer, Moderna, AstraZeneca e Janssen.

Mas os europeus deixaram uma porta aberta, apontando que governos do bloco poderiam incluir entre as vacinas autorizadas aquelas que tenham sido chanceladas pela OMS. O selo obtido pela Sinovac, portanto, representará uma possibilidade de entrada de brasileiros vacinados de volta ao bloco europeu.

Ainda assim, o sinal verde dependerá de cada um dos governos nacionais. A França, por exemplo, anunciou nesta semana que não iria ampliar sua lista de vacinas reconhecidas para além das quatro já adotadas pelos europeus.

Mas o interesse dos europeus por encontrar uma brecha para as vacinas chinesas não é um gesto aos brasileiros. Com 500 milhões de doses dessas doses já administradas na população chinesa, a esperança da UE é de reabrir as rotas de turismo para os asiáticos e, assim, impulsionar a recuperação econômica do bloco.

Do UOL