Olimpíadas: Brasil toma susto, mas vence Alemanha com três de Richarlison

Foi apenas a quarta vez na história em que um jogador do Brasil marcou três gols em um mesmo desafio do futebol masculino nos Jogos, a primeira numa estreia

Com três gols marcados num intervalo de 23 minutos no primeiro tempo, a seleção brasileira começou as Olimpíadas de Tóquio com vitória no futebol masculino: 4 a 2 para cima da Alemanha com três gols marcados por Richarlison e outro de Paulinho já nos acréscimos. Amiri e Ache descontaram no segundo tempo para os atuais vice-campeões olímpicos na partida de abertura do Grupo D realizada no Estádio Internacional de Yokohama.

Foi apenas a quarta vez na história em que um jogador do Brasil marcou três gols em um mesmo desafio do futebol masculino nos Jogos Olímpicos, a primeira numa estreia. Gérson, Romário e Bebeto foram os outros — o último deles em 1996.

O próximo jogo do Brasil será no domingo (25), às 5h30 (de Brasília), contra a Costa do Marfim — que também venceu na primeira rodada. Já a Alemanha tenta se recuperar no mesmo dia, três horas mais tarde, diante da Arábia Saudita.

Pombo infernal

Escalado como atacante central, mas com muita liberdade para se movimentar entre as linhas de marcação da Alemanha, Richarlison teve atuação de destaque na estreia do Brasil com três gols marcados no intervalo de 23 minutos no primeiro tempo. Confiante, venceu a maioria dos duelos pessoais com dribles, jogo físico e qualidade nas finalizações com o luxuoso apoio dos companheiros de ataque. No segundo tempo teve uma queda física e foi substituído.

Depois de ser vazada três vezes no primeiro tempo, a Alemanha reconstruiu seu sistema de marcação e na etapa complementar esboçou alguma reação. Mas só conseguiu balançar as redes em falhas individuais do Brasil. Primeiro, Santos não conseguiu se recuperar depois de um quique da bola no gramado após finalização de Nadiem Amiri e tomou o gol, e depois Diego Carlos errou o tempo de bola numa bola cruzada e permitiu que Ragnar Ache fizesse o segundo, o que gerou minutos de tensão no fim do jogo.

Autoridade e queda

O Brasil começou avassalador em Yokohama graças à uma dinâmica do seu ataque, que aparecia muitas vezes com seis homens — sendo dois pelo centro. Foi com Matheus Cunha mais móvel para buscar a posse de bola e fazer tabelas e Richarlison aparecendo nas costas da marcação para aproveitar uma zona mais próxima do gol que as primeiras chances foram sendo empilhadas. Antony e Claudinho foram os coadjuvantes, apoiados pela presença ofensiva de um lateral e de Bruno Guimarães. Os três gols do primeiro tempo passaram por estes nomes.

O primeiro teve Matheus Cunha, Antony e Richarlison. O segundo, Bruno Guimarães, Guilherme Arana e Richarlison. O terceiro, Matheus Cunha e, claro, Richarlison. E ainda teve um pênalti desperdiçado por Matheus Cunha depois de jogada dele mesmo com Daniel Alves. Foi uma etapa inicial de autoridade, com oito finalizações no gol de Muller. Um ataque móvel, técnico, com espírito coletivo, muito mais rodagem em alto nível internacional e inteligência pra explorar espaços foi perfeito diante de uma defesa desorganizada, lenta, sem força no um contra um e sem agressividade na marcação.

Stefan Kuntz se fechou no esquema 5-2-3 depois de tomar os três gols e o jogo ficou mais equilibrado na reta final do primeiro tempo. No intervalo ainda entrou o zagueiro Torunarigha, o que deixou a Alemanha mais confiante em campo. Em meio a mais chances perdidas do Brasil, principalmente por decisões ruins dos atacantes, os alemães diminuíram numa falha do goleiro Santos. Na hora em que o adversário decidia se saía ou não para o jogo, Arnold foi expulso por falta em Daniel Alves.

Isso poderia complicar a reação, mas Ragnar Ache ainda fez o segundo gol perto do fim do jogo numa falha de Diego Carlos, o que causou momentos de tensão inclusive durante os cinco minutos de acréscimo. Ainda assim, o Brasil conseguiu segurar sua vantagem e ainda aumentou aos 48, com Paulinho, numa das raras chances aproveitadas numa partida em que finalizou mais de 20 vezes.

Os gols

O primeiro gol saiu aos seis minutos do primeiro tempo, numa jogada que envolveu os três atacantes. Matheus Cunha roubou a bola no ataque e serviu Antony, que deu um passe perfeito nas costas da marcação alemã. Richarlison finalizou duas vezes para abrir o placar. Ele aumentou a contagem aos 21, de cabeça, depois de uma assistência de Guilherme Arana pelo lado esquerdo. O terceiro saiu aos 29 depois de um passe de Matheus Cunha na medida também pelo lado esquerdo.

A Alemanha marcou seu primeiro gol aos 11 minutos do segundo tempo. Marco Richter chutou de fora da área, a bola bateu em Nino e a sobra ficou nos pés de Amiri. A finalização com quique no gramado enganou o goleiro Santos. O segundo saiu aos 38 minutos, quando um cruzamento do lado esquerdo encontrou Ache nas costas de Diego Carlos para marcar de cabeça. Depois de alguns minutos de tensão, o Brasil fez o quarto gol aos 48 minutos do segundo tempo pelos pés de Paulinho numa bomba de direita dentro da área.

FICHA TÉCNICA
BRASIL 4 x 2 ALEMANHA

Competição: Jogos Olímpicos de Tóquio, 1ª rodada do Grupo D
Local: Estádio Internacional de Yokohama, em Yokohama (Japão)
Data/hora: 22 de julho de 2021 (quinta-feira), às 8h30 (de Brasília)
Árbitro: Ivan Barton (El Salvador)
Assistentes: David Moran (El Salvador) e Zachari Zeegelaar (Suriname)
VAR: Marco Guida (Itália)
Cartões amarelos: Douglas Luiz (Brasil), Amos Pieper, Maximilian Arnold, Henrichs, Uduokhai (Alemanha)
Cartão vermelho: Maximilian Arnold (Alemanha)

GOLS: Richarlison, aos 6/1ºT (1-0), Richarlison, aos 21/1ºT (2-0), Richarlison, aos 29/1ºT (3-0), Nadiem Amiri, aos 10/2ºT (3-1), Ragnar Ache, aos 38/2ºT (3-2) e Paulinho, aos 48/2ºT (4-2).

Brasil: Santos; Daniel Alves, Diego Carlos, Nino e Guilherme Arana; Douglas Luiz, Bruno Guimarães e Claudinho (Malcom, aos 18/2ºT); Richarlison (Reinier, aos 28/2ºT), Matheus Cunha e Antony (Paulinho, aos 28/2ºT). Técnico: André Jardine.

Alemanha: Florian Muller; Benjamin Henrichs, David Raum, Felix Uduokhai e Amos Pieper (Torunarigha, no intervalo); Arne Maier, Maximilian Arnold, Nadiem Amiri (Teuchert, aos 28/2ºT) e Anton Stach (Schlotterbeck, aos 34/2ºT); Marco Richter (Eduard Lowen, aos 22/2ºT) e Max Kruse (Ragnar Ache, aos 22/2ºT). Técnico: Stefan Kuntz.