O que a França e o Brasil têm em comum?

Curioso como a história se repete. Por mais que seja uma ciência social ou humana, devendo acompanhar as evoluções da sociedade e registrá-las, fatos, muitas vezes, costumam acontecer novamente, mesmo que em locais e culturas diferentes.

O Brasil de 2019 é um verdadeiro balaio, diário eu diria, de acontecimentos que podem – e provavelmente irão – ficar marcados para sempre no enredo da construção do nosso país. A impressão que eu tenho é que ficamos paralisados no tempo durante os últimos anos e agora, mesmo que negativamente, começamos a nos mexer.

A sociedade brasileira está imersa num turbilhão de pensamentos e sentimentos, individuais e coletivos, que estão, literalmente, dando o que falar!

Conversando com um parente, professor universitário e, num parecer meu, grande sociólogo (mesmo sem o diploma de tal), fazíamos uma avaliação das últimas manifestações ocorridas pelo Brasil e a fundamental participação dos movimentos de juventude em todos os atos.

Resumimos assim: se não fossem os jovens, as manifestações teriam sido um fracasso! E sim, de todas as ideologias e em todas as manifestações, pró e contra governo, o que se viu no meio das ruas foram rapazes e moças tão engajados na defesa das suas bandeiras, cheios de convicção, que não há como negar que, sem eles, nossa nação continuaria inerte no tempo.

Àquele parente me disse: reflita sobre a juventude brasileira de 2019 e o que aconteceu em maio de 1968 na França. Com uma rápida busca no “tio Google”, descobre-se que, naquele ano, estudantes universitários iniciaram um movimento de luta política pela ampliação dos direitos civis com um protesto sobre a divisão dos dormitórios entre homens e mulheres na Universidade de Nanterre.

Esse ‘simples’ protesto desencadeou uma série de outras manifestações, efervescendo a nação francesa, incluindo uma greve de trabalhadores com a adesão de 9 milhões de operários, que exigiam melhores condições de trabalho.

“Mesmo sem alcançar algum tipo de conquista objetiva, o movimento de Maio de 68 indicou uma mudança de comportamentos (na França).”, diz o site Wikkipedia. Ou seja, não seria nem um pouco leviano dizer que a juventude francesa da década de 60 é coautora da história de desenvolvimento, liberdade e, porque não, sucesso mundial, daquele país europeu.

Assim, seguindo o conselho do professor, refleti durante alguns dias o que poderia restar para a nossa juventude.

Cheguei à conclusão que não irá restar. Resto, significa, sobrar, e, é óbvio, a juventude brasileira, estudantes secundaristas, universitários, não estudantes, trabalhadores, mas jovens, não ficarão na sombra do tempo e da história na construção de um Brasil mais justo e livre, porque, neste momento, eles são a mola-mestre.

É a juventude brasileira, seja de direita, seja de esquerda, seja sem ideologia definida, que está promovendo a inquietação que cada um precisa sentir. É o jovem que está estampando nas redes sociais, nas ruas, nas bandeiras, a indignação com as nossas precariedades e apontando, muito inteligentemente, diga-se de passagem, os caminhos necessários para mudança que a nação precisa.

Mais do que nunca dizer que os jovens são o futuro país, não é mais um dito popular, é uma profecia e uma certeza!