O preconceito que exala

Em menos de três dias, quatro situações ‘absurdamente absurdas’, se eu puder usar esse tipo de expressão.

Eu ouvi, até de uma pessoa próxima, que evangélicos não podem se misturar com católicos para que assim não se tornem iguais, tendo em vista que os últimos podem influenciar os primeiros com seus pecados e seus erros. A mesma pessoa me disse que se sentiu muito feliz quando viu dois transexuais assistirem um culto em uma igreja evangélica, sendo bem recebidos, como se fossem pessoas normais.

Hoje cedo, peguei um Uber para ir trabalhar. O motorista me disse que tem uma vizinha “pretinha”, mas “arrumadinha”. Que a moça se separou há pouco tempo e que ele, casado, já a levou para o motel. Disse ainda que, apesar de “pretinha”, ela é muito bonita e, “quem dera se todas as pretas fossem bonitas assim”.

Mais tarde, em sala de aula, cheia de estudantes/bacharéis em Direito, ouvi um colega de turma dizer que estava abismado e se sentindo provocado por um colega de trabalho, que é homossexual, e se despedir do namorado dando beijos na boca, na “frente de todo mundo, inclusive”, mas não menos importante, na dele.

O que todas essas falam tem em comum?

Além do fato de terem me causado tremenda descrença no ser humano e, particularmente no caso que envolve evangélicos e católicos, vergonha alheia, evidencia, ainda mais, a ausência completa de compaixão com o outro e o respeito à individualidade e características de cada um.

Pior do que isso!

Essas conversas ocorreram com pessoas jovens que deveriam, no mínimo, desprezar os preconceitos como uma das formas de desenvolvimento social. Quando digo desenvolvimento social, não estou me referindo a emprego ou renda, mas a capacidade de colocar a coletividade acima de mim e dos meus interesses e, assim, fazer com que se prevaleça o bem para todos, especialmente das políticas públicas.

A evolução a que todos almejamos começará quando não houver divisões entre nós e eles e começará, pela juventude, ou deveria começar, uma verdadeira revolução no que se refere à proteção e garantia dos direitos individuais, como mandar a ‘Lei Maior’ do país, promulgada em 1988.