O nome da hora
Pesquise e comprove. O fenômeno acontece com intensidade desde o mês de julho. Estou dizendo sobre o nome de Nelson Jobim fadado à Presidência da República. Disse fadado, mas até fardado o estrategista do presidente Lula, de quem foi ministro, andou por bares, mares e ares da República.
Jobim também foi ministro de FHC. E emplacou seu prestígio político e saber jurídico na equipe da presidente Dilma.
Guru de gurus, Jobim foi mais uma vez ontem incensado e disponibilizado para assumir antes do Natal a candidatura indireta à Presidência da República.
É considerado o nome com mais chances de emplacar no Congresso Nacional caso se confirme mesmo a cassação de Temer. Esta é dada como certa.
Para Jobim, é um sonho de consumo sempre por ele sonhado. Pelo qual está disposto a acordar para despachar no Planalto. Exames comprovaram: ele não é alérgico ao poder. Poder do qual é mestre da teoria e da prática. No Executivo, no Legislativo e no Judiciário.
Deputado constituinte, ministro e presidente do STF, foi o relator na Câmara do impeachment de Collor, ministro da Justiça, ministro da Defesa…
Declarou-se eleitor de Serra em 2010. Era ministro de Dilma. Que nem ligou, e o manteve no cargo. É figura de responsa para o PMDB, que o ouve. E manda muito nos mandões do PSDB.
Nada tem a ver com a Lava Jato. Não diretamente. Mas indiretamente…Ele foi o cara chamado para reestruturar o BTG Pactual, de André Esteves. O banqueiro foi preso pela Lava Jato depois de tramar com Delcídio Amaral aquele mirabolante plano de evasão destinado a Nestor Cerveró.
Jobim associou-se ao banco com a credibilidade ameaçada, do banco, não a dele, e assumiu a diretoria de compliance. Como se sabe, compliance é aquilo que antes era só deontologia, e que se ampliou. Não vale só o compromisso técnico ético, mas uma adequação permanente às diversas ordens que estruturam uma organização nesses tempos de accountability.
Nelson Jobim para presidente? Tem a cara do Cavalo de Troia. O meu voto é para Luiza Erundina. Seria uma presidenta arretada.
PEDALANDO POR AÍ
E por falar em presidenta, foi uma surpresa boa para os dilmistas nostálgicos o destaque na imprensa internacional conquistado por Dilma Rousseff.
O jornal inglês “Financial Times” incluiu a ex-presidente na relação das mulheres do ano. Aqui pra nós, um ano que não foi bom para ela.
Um ano agressivo, não só para ela, mas para todos e todas que vivenciaram a dureza do processo de impeachment. Que ainda não terminou.
É injusto que só a presidente tenha sofrido o impedimento, uma vez que Temer foi a outra face da moeda com que ela jogou a sorte do Governo para o qual foi eleita e principalmente a sorte dos brasileiros e brasileiras.
A presidente jogou e perdeu. Perdeu para os próprios parceiros que jogaram o jogo para que juntos conquistassem o Planalto pela segunda vez.
Não engulo a tese de que enquanto a presidente dormia, Temer tramava com Aécio e com Eduardo Cunha para derrubá-la. O golpe foi de descuidista que encontra a porta escancarada.
Na verdade, a presidente dormia quando deveria estar fazendo política. Ou quando delegou a Elenice Guerra poderes que ela não soube como exercer. Dormiu também narcotizada pelo encosto vaporizador de Lula.
Afinal, ninguém percebeu o que estava acontecendo? Parece que estão percebendo agora.
Ao jornal, Dilma disse com outras palavras que estava feliz descobrindo as delícias da bicicleta. Dá milhares de pedaladas por semana. E nem liga para o irônico do hobby que escolheu.
IDEOLOGIA
A esquerda militante assumiu por esses dias de forma mais que exacerbada o seu lado megafone. E está gritando com força e cheia de razão contra a aprovação pelo Senado, ocorrida ontem, do limite de gastos proposto pelo esfarrapado desgoverno Temer.
Por falar em farrapos, não sei se a “Veja” ou a “IstoÉ” foi quem trouxe reportagem esta semana cheirando a maldades e dando conta de que há em fogo brandíssimo uma fritura à espera do ministro Henrique Meirelles.
Pior do que isso para a economia brasileira só a permanência de Temer no poder. Pois é. Por isso é que esse limite de gastos como cadinho para cozinhar uma saíde de curto prazo do sufoco econômico é uma inutilidade.
Essa fórmula equivale a alguém que acha que para consertar o carro que bateu o motor precisa começar fazendo uma pintura. O Brasil não merece isso.