Meninos e meninas, eu vi. Eu vi nesses primeiros dias de gestão de velhos e novos prefeitos empossados na Paraíba cenas encantadoras, cômicas e trágicas. As sensações de retrocesso, mais do mesmo e de esperança de inovação na forma de governar coexistiram em mentes e corações dos paraibanos. Tem sido assim o cotidiano da população, de novo total, que se agarra a qualquer perspectiva de melhor gerência do dinheiro público e de dignidade para os serviços básicos essenciais. Mas vi, do Litoral ao Sertão, que decretar estado de emergência é a tendência neste verão.
E logo no primeiro lampejo do Ano Novo, já tinha solenidade de posse. Era quase 1h da madrugada quando um militante de esquerda, que conseguiu o feito de romper uma linha tradicional, cronológica e oligárquica na região do Vale do Mamanguape, recebia pela primeira vez a faixa de novo prefeito da cidade. O povo, acostumado com as mesmas práticas mesquinhas para o coletivo e de privilégio para os detentores do poder, resolveu dar uma chance a quem criticava sozinho o sistema, contrariando as vozes da mídia. Mudança eficiente na Prefeitura é a moeda de troca que esta nova gestão em Rio Tinto deve pagar para todos, pois sabem que o preço que paga por uma escolha errada às vezes é alto demais e a população só quer e merece pagar o justo.
É verdade que a crise tá pegando feito chiclete para todos. Mas tem custos essenciais à vida que nem mesmo a crise arrochada justifica. Vi dois prefeitos de municípios paraibanos tomarem posse à luz de velas.
A cena poderia ser clássica de um romance cinematográfico, mas escancarava que as gestões que antecediam sugaram até o último centavo do dinheiro depositado pelo povo e sequer teve a capacidade de pagar a conta de luz. Foi sob a penumbra do desrespeito dos que deixaram o poder que Curral de Cima e Pilõezinhos viram a ascensão das novas gestões.
Vi um prefeito dizer que haveria critério técnico para compor o secretariado de uma segunda gestão que não tem o privilégio de errar. Se errar, não existe horizonte em 2018. Ele nomeou um psicólogo psicopatologista para gerir a Transparência Pública. Nomeou um “rei” do Legislativo Municipal, formado em Administração na era de chumbo no Brasil, acomodado por 10 anos e destronado por sua plebe para secretário de Ciência e Tecnologia. Nada mais justo. O rei descoroado atravessou uma década de avanços tecnológicos vertiginosos e se manteve no poder. O cara entende da ciência da persuasão.
Esse mesmo prefeito inovou ao nomear como adjunto do Instituto da Previdência Municipal, um nutricionista. E o que dizer de um licenciado em Matemática para o cargo de Ouvidor? São critérios técnicos que transcendem afinidades entre formação profissional e gestão pública do dinheiro do povo. Mas é claro que de política essas tais nomeações não tem nada. Só se fossem ex-vereadores. E é assim, de novo total, que o prefeito de João Pessoa e seu vice, agora desprovido de foro privilegiado, montaram a nova “super” equipe administrativa. É “trabalho” que avança.
Ainda sobre este prefeito, que nega seu sonho mais vazado que é ser governador, sempre declara palavras de contenção da crise e de equilíbrio fiscal. E o fez. Em secretarias carentes de recursos da LOA, sem nenhuma atuação expressiva, até porque os parcos recursos mal pagam a folha de servidores destas pastas, eu vi a nomeação de secretário, adjunto, diretor, pirata e papagaio. E era assim, de novo, total, mas é na Setur e na Semusb essa grande, bela e resolutiva decisão de economia de gestão.
Ah, eu vi. Eu vi um menino ser eleito prefeito, prometendo melhorar a saúde, proclamando a atitude nos corações de cada cidadão, impondo um novo jeito de fazer política. Seu primeiro ato? Suspender integralmente o atendimento na única UPA 24h da cidade, que atendia, aproximadamente 2,3 mil pessoas por semana. E foi assim, de novo, total, que o povo de Bayeux começou a assistir o mesmo filme, o mesmo sinal de que o tempo ainda não melhorou.
Mas eu também vi uma medusa condenada pelo TRF-5 por estelionato e personificada como uma senhora loura platinada, botocada a segurar seu poodle, afundar uma das cidades que mais se concentra o potencial turístico e natural em um mar de lixo. Sob a égide do controle mental através do coronelismo, ela não acreditava na ascensão de uma flor. Uma girassol. Após perder na urna sua aparência de gente fina e importante, entregou a pólis à flor em estado de calamidade pública, financeira e administrativa, crendo que uma flor não seria capaz de reerguer a dignidade humana e material daquele lugar. E está sendo assim, inovando totalmente, que a nova gestão do Conde implementa uma nova forma de construir e viver uma cidade.
Para Santa Rita, seus infortúnios. A cidade viveu nos últimos quatro anos um circo de horrores. Dois prefeitos revezaram a prefeitura, em um jogo de bozó entre a Câmara de Vereadores e a Justiça para ver quem de fato assumiria o cargo de pior prefeito. O que ganhou atrasou meses de salários dos servidores. Aposentados morreram de fome e sede. Professores e agentes de saúde saíram às ruas desnudos de qualquer orgulho a pedir de porta em porta um quilo de feijão, um de arroz, um pedaço de carne. Mas vi que o novo prefeito decidira até o momento em que escrevo este artigo que os atrasos vão ficar pendurados. Triste fim para o povo que acreditava em solução logo no início da gestão.
E é assim, de novo total, que o ciclo da vida e da política se renova, entre suspiros, lamentos e expectativas por um lugar melhor para viver. Um lugar para bater no peito e chamar de “minha cidade”.