Piza aposta em base mantida, projeta time forte e dá ultimato aos problemáticos

Mirar 2020. Já é essa a missão do técnico do Botafogo-PB Evaristo Piza. Respaldado pela diretoria por conta de um grande primeiro semestre, o técnico segue no comando técnico do Belo, mesmo com o fracasso na Série C do Campeonato Brasileiro. A meta é clara: fazer uma temporada mais homogênea, sem queda de rendimento, com uma diminuição na margem de erros.

Em entrevista ao GloboEsporte.com, o treinador falou um pouco da reformulação no elenco, da eliminação na Série C e do que espera também para o ano de 2020. O Botafogo-PB que passa por algumas mudanças administrativas nesse fim de ano. E que passa a ser um novo cenário para o treinador.

Mesmo assim, Evaristo Piza, acredita em um novo ano bom para o Botafogo-PB. Embora reconheça que a pressão vá ser maior.

– Eu sei que se eu tropeçar no Paraibano, não passar de fase na Copa do Nordeste, não passar da terceira fase da Copa do Brasil, as coisas podem ficar complicadas. Mas isso seria para mim ou para outro que estivesse aqui. Nosso ano foi muito bom no primeiro semestre. A torcida vai esperar isso novamente. Eu tenho que se grato à diretoria, que avaliou o ano, o trabalho, que foi bom. E retribuir com muito trabalho – avaliou.

Alguns episódios extracampo prejudicaram o time na Série C. Alguns dos envolvidos saíram, mas outros ficaram, a exemplo de Marcos Vinícius e Rogério. É uma última chances dada a eles?

Os dois (Rogério e Marcos Vinícius) já sabem que se houver outro erro, estão fora. Acho que o ser humano precisa sempre de uma nova chance. São bons jogadores e, independente do externo, ajudaram dentro de campo. Eles me atrapalharam na semana, mas dentro do campo eles corresponderam. O que é atrapalhar a semana? É ter que abrir a semana preocupado em ter que dar satisfação, blindar da imprensa, blindar internamente no grupo. Mas jogando, eles corresponderam. O duro é o cara que dá trabalho fora de campo e não joga nada. Que enche o saco dentro e fora do campo. Mas os dois tiveram uma performance boa. Ele sabem que a paciência vai ser curta, não só de minha parte, mas da diretoria, que não vai aceitar mais isso.

Algumas renovações não foram bem recebidas na torcida, seja porque foram jogadores que pouco jogaram no ano, ou porque nunca se firmaram, casos de Wellington Cézar e Donato. Qual o critério usado para as renovações deles?

São jogadores que ajudaram, que são jovens. O Donato pecou em alguns jogos, mas pecou como a zaga toda pecou em alguns momentos. Não vou culpar um ou outro. Ele é um zagueiro rápido. Eu acho que com a chegada do Fred, um jogador de peso, que, em tese, veio para ser titular, talvez tenha deixado o Lula, o Donato, o Willian Goiano inseguros. A partir daí aconteceram alguns erros de bola parada, de indecisões, de lateral. Houve uma instabilidade geral. O gol do Náutico é um gol de escolinha. Não pode acontecer. Mas o Donato é um bom jogador. É difícil você achar um zagueiro rápido. E o Wellington Cézar vinha de muito tempo parado. Esse ano voltou a jogar. Teve oportunidade no Paraibano, depois perdeu um pouco de espaço. Eu acredito que é um jogador que pode nos ajudar. Eu lembro muito do início da carreira dele no Santa Cruz. Um jogador de vigor físico, jogando Série A. Ele pode surpreender neste ano.

O atacante Hiago chegou ao clube após anos de tentativa da diretoria. Em tese, para ser titular. Mas não teve muitas chances com o senhor, e quando teve, ele não foi bem. O que o Hiago pode esperar para 2020 na relação com o senhor?

Eu não tenho nada contra o Hiago. Eu até elogiei muito a contratação dele. É um jogador que vi no Sergipe e depois no Fortaleza. No CSA ele não estava jogando. Quando fomos pegar o CRB neste ano, ele foi lá no hotel, falou do interesse de vir. Ele falou que estava tendo pouca oportunidade, que não entendia o Marcelo Cabo, que tinha jogo que ele ia, entrava, depois nem era convocado. E eu falei para ele: “Não ache que porque você está saindo de um time de Série A, você vai chegar lá e jogar. Nosso time está bem montado, do meio para frente o time está bem. Você vai brigar por espaço”. Quando ele chegou foi perto do jogo contra o CSA, quando nós fizemos o resultado de 3 a 1. E eu falei para ele: “Fizemos o resultado contra a equipe que você estava”. Eu coloquei ele em alguns jogos. Coloquei contra o Sampaio Corrêa, com o time com dois a mais, para ele ser o cara. Ficamos com quatro atacantes. Mas não vencemos. Contra o Santa Cruz botei, mas ele estava tropeçando na bola. Dei oportunidade. Contra o ABC, coloquei Dico e Kelvin, ambos fizeram os gols da vitória. E aí vai perdendo espaço. Ele mesmo se pressionou muito nos treinos e isso atrapalhou ele. Pode ser que ele volte com a cabeça melhor. Vamos ter uma pré-temporada, ele vai jogar mais, vai ter oportunidade. E aí ele vai ter que mostrar que pode ser aquele Hiago do Fortaleza. Ele sempre foi muito profissional. Nunca me deu um trabalho. Sempre foi um profissional exemplar. Mas foram opções técnicas.

Uma das críticas a você era a sua insistência em colocar o Nando no time titular. Para o próximo ano, ele não fica. O clube pensa em trazer um nome de mais peso para a camisa 9?

A gente precisa trazer um nome para repor o Nando. Mas temos que procurar com muito carinho. É uma posição bem complicada. O Nando foi até muito questionado, e direcionam um paternalismo meu com o Nando. Mas ele era muito importante. Sempre ajudou em vários aspectos. E temos que achar essa reposição. Vamos procurar com calma.

O Botafogo-PB passa por uma mudança institucional no departamento de futebol. Ao que parece, Breno Morais, vai mesmo ficar mais distante da pasta. Quem assumiu a vice de futebol foi Ariano Wanderley. Como você vê essa mudança?

Tivemos reuniões. São contatos naturais. O Sérgio e eu já tínhamos uma relação desse ano. O Ariano eu não conhecia tão bem, mas sei do seu passado no clube. Começamos a conversar diretamente. Ele colocou pontos de vistas, eu alguns, ele alguns. Vamos fazer o futebol junto. Nunca só o Ariano, só o Piza ou só o Sérgio. Como era minha relação com o Breno. O Breno não estava ativamente porque não pode, mas era um cara que eu conversava muito. Sem ele, essa proximidade tem que ser com Ariano. O futebol tem disso. Tem que haver confiança recíproca. Mas o respaldo só vem com resultado. A confiança veio, e eu mesmo confesso que não esperava. Mas o clube avaliou o trabalho do ano e não apenas o fracasso imediato na Série C. Os números são bons desde a minha chegada. Eu tenho que ser grato. O maior respaldo foi esse. O meu nome não passou só pelo Sérgio, passou pelo Conselho. Teve uma reunião onde houve uma votação no Conselho. E a maioria dos conselheiros falou que era importante a continuidade pelo que aconteceu na temporada. Agora eu tenho que retribuir. Voltar para 2020 com os mesmos objetivos.

Quando começa a pré-temporada?

Vamos esperar esse sorteio aí da Copa do Nordeste, do dia 26. Esperar também a definição da Federação Paraibana de Futebol para falar sobre o estadual. Definindo as datas… eu gosto de sempre começar 40 dias antes da estreia. Informações do Globo Esporte.