Nasa prepara nave para colidir com asteróide e proteger a terra

Imagine um asteroide vindo em direção à Terra com a possibilidade de causar grandes estragos, ou até mesmo acabar com a existência humana. Cenários como esse ainda estão restritos às telas dos cinemas.

Mas existe o temor de que isso possa se tornar realidade no futuro. Nesse sentido, a Nasa, a agência espacial americana, anunciou na terça-feira (5/10) vai lançar no próximo mês uma espaçonave para atingir um asteroide — propositalmente — e mudar seu caminho, testando pela primeira vez um método de “defesa planetária”.

Nesse sentido, a Nasa, a agência espacial americana, anunciou na terça-feira (5/10) vai lançar no próximo mês uma espaçonave para atingir um asteroide — propositalmente — e mudar seu caminho, testando pela primeira vez um método de “defesa planetária”.

O lançamento da missão Double Asteroid Redirection Test (DART) ocorrerá às 1h20 (2h20 horário de Brasília), em 24 de novembro, informou a NASA.

Um foguete SpaceX Falcon 9 será lançado da Base da Força Espacial de Vandenberg, cerca de 80 km a noroeste de Santa Bárbara, Califórnia.

Dois asteroides que orbitam o Sol e ocasionalmente se aproximam da Terra são o alvo da Nasa.

Segundo a agência, eles não representam uma ameaça ao nosso planeta, mas sua proximidade os torna um candidato preferencial para o teste de uma técnica que poderia algum dia impedir que um “asteroide perigoso atinja a Terra”.

“Vamos garantir que uma rocha vinda do espaço não nos mande de volta à Idade da Pedra”, diz Thomas Statler, cientista da Nasa, no podcast da agência.

Maior dos dois asteroides, Didymos, tem 780 metros de diâmetro. Ao redor dele, orbita satélite natural menor, chamado Dimorphos — Foto: Nasa

Maior dos dois asteroides, Didymos, tem 780 metros de diâmetro. Ao redor dele, orbita satélite natural menor, chamado Dimorphos — Foto: Nasa

O maior dos dois asteroides, Didymos, tem 780 metros de diâmetro. Ao redor dele, orbita um satélite natural menor, chamado Dimorphos.

Dimorphos, com cerca de 160 metros de diâmetro, é “mais típico do tamanho dos asteroides que podem representar a ameaça significativa mais provável para a Terra”, segundo a Nasa.

Esse corpo celeste, segundo Statler, “não é necessariamente o asteroide que vai causar um efeito devastador na Terra”.

Em vez disso, o lançamento da espaçonave é um “teste para garantir que temos as capacidades para deter esse asteroide no futuro, se houver um”.

O objetivo da missão é atingir Dimorphos a uma velocidade de quase 24 mil km/h e mudar sua órbita “por uma fração de um por cento” — uma mudança pequena, mas significativa o suficiente de tal modo que os cientistas serão capazes de observá-la a partir de telescópios Terra.

“A colisão mudará a velocidade da minilua em sua órbita ao redor do corpo principal em uma fração de um por cento, mas isso mudará o período orbital da minilua em vários minutos — o suficiente para ser observado e medido usando telescópios na Terra”, diz a agência em seu site.

Se a Nasa detectar um asteroide que represente um risco para a Terra — segundo Statler, a agência não trabalha com essa hipótese pelo menos nos próximos 100 anos — ela tentaria atingi-lo e mudar seu curso, em vez de destruí-lo completamente.

A espaçonave DART se separará do foguete SpaceX e navegará no espaço por mais de um ano antes de atingir Dimorphos no fim de setembro de 2022, quando a dupla de asteroides estará perto o suficiente da Terra — 11 milhões de quilômetros — de modo que os cientistas poderão vê-los.

A interação será gravada por um lançamento de satélite italiano de 14 kg da espaçonave.

Catorze imagens sequenciais de radar Arecibo do asteróide próximo à Terra (65803) Didymos e sua lua, tiradas em 23, 24 e 26 de novembro de 2003 — Foto: Nasa

Catorze imagens sequenciais de radar Arecibo do asteróide próximo à Terra (65803) Didymos e sua lua, tiradas em 23, 24 e 26 de novembro de 2003 — Foto: Nasa

Embora não tenha como objetivo mudar o curso de um asteroide que destrua a Terra, a missão tem “proporções históricas”, diz Statler.

Será “a primeira vez que a humanidade realmente mudou algo no espaço”, acrescenta ele.

“Deixamos pegadas e marcas de pneus e coisas assim. Mas esta será a primeira vez que a humanidade mudará um movimento celestial”, conclui.

Do G1.