Entre 2005 e 2010, a Prefeitura de João Pessoa (PMJP), sob o comando do então prefeito e atual governador do Estado, Ricardo Coutinho (PSB), fez reformas e requalificações nos principais mercados públicos da cidade. O Mercado Central foi o equipamento que passou pela maior e mais profunda reforma, desde sua fachada original até as alamedas internas, com troca de toda a tubulação e instalações elétricas.
Passados quase seis anos, João Pessoa padece de mercados públicos que reúnam conforto, higiene e segurança. Os principais equipamentos estão descaracterizados, alguns com atividades totalmente alheias a um mercado público, além de apresentarem sujeira, mau cheiro e péssimas condições de comercialização de seus produtos.
Feirantes e consumidores reclamam da falta de investimento e das péssimas instalações dos mercados públicos de Oitizeiro, do Bairro dos Estados e do Mercado Central. Em Oitizeiro, os feirantes elogiam a duplicação da avenida feita pelo Governo do Estado, mas criticam a falta de higiene, a sujeira e a desorganização do estabelecimento, que não recebe nenhum benefício há mais de 30 anos.
No Bairro dos Estados, a principal reclamação dos comerciantes é por reforma e limpeza, eles alegam que as atuais condições afastam a clientela. Já no Mercado Central, as maiores críticas dos feirantes recaem sobre o setor de frutas e verduras, que se encontra abandonado, com o teto cheio de goteiras, além de diversas lâmpadas queimadas. A falta de investimento é a principal reclamação dos comerciantes e também dos usuários consumidores dos mercados públicos. Em Oitizeiro, no Bairro dos Estados e no Mercado Central já é visível a queda no movimento por conta do abandono e da falta de limpeza. Em pelo menos dois deles, no de Oitizeiro e no Mercado Central, os administradores estavam ausentes de seus postos na semana passada.
Animais e sujeira
Nos três mercados, principalmente no de Oitizeiro, animais como cães e gatos dividem espaço com os feirantes e com os clientes. “A falta de zelo da prefeitura com o mercado de Oitizeiro é uma constante. Em todos os lugares o que se vê são gatos e fezes, possivelmente de cachorros, pelo chão, provocando um mau cheiro absurdo”, desabafou Maria de Lourdes, usuária do mercado e moradora do bairro.
A comerciante Maria Olivete de Oliveira, que vende diversos produtos no Mercado de Oitizeiro há 30 anos, confirmou que o estabelecimento nunca passou por uma reforma que beneficiasse comerciantes e clientes. “O que existe aqui é muita desorganização, mas apesar de todo o desconforto e sujeira, a feira do domingo aqui é bastante frequentada, porque é aqui onde se praticam os preços mais baixos de todos os mercados de João Pessoa”, revelou.
A consumidora Maria Alice foi mais além na crítica dela e denunciou: “O Mercado de Oitizeiro é uma bagunça. Enquanto o Governo do Estado duplicou a avenida para tornar a entrada da cidade mais bonita, o prefeito da cidade não tem feito nada para mudar a ‘cara’ do Mercado de Oitizeiro”, disse a cliente, complementando que foram feitas reformas no Mercado da Torre e no Mercado de Cruz das Armas, mas nenhum gestor faz nada pelo Mercado de Oitizeiro.
Bairro dos Estados
No mercado do Bairro dos Estados a situação não é muito diferente. Feirantes e consumidores reclamam da falta de reformas. A infraestrutura também apresenta problemas. O administrador do estabelecimento, Alan de Barros, afirmou que o mercado foi construído na década de 70, mas nunca passou por uma grande reforma. “O que já foi feito por aqui foram melhorias e uma que ninguém pode reclamar foi a reforma dos banheiros que são considerados os melhores de todos os mercados públicos da cidade”.
O mercado do Bairro dos Estados funciona todos os dias, mas o dia de maior movimento é o sábado. Segundo Alan Barros, administrador do local, o público frequentador não é mais o mesmo, houve uma queda na frequência talvez porque as pessoas prefiram ir a supermercados, que vendem tudo no cartão de crédito. “Aqui, 90% dos feirantes não aceitam cartão, só dinheiro e isso tem afastado a freguesia”, disse Alan, enfatizando que os feirantes continuam aguardando uma grande reforma no local, que inclusive foi prometida pelo prefeito Luciano Cartaxo (PSD) durante a última campanha.
Os comerciantes do Mercado do Bairro dos Estados querem uma reforma urgente na quadra ‘S’, que é a quadra do comércio de carne. “O pavilhão central do mercado já recebeu a visita de dois arquitetos, mas até agora só foi mudada a iluminação. A estrutura também é boa, mas o pavilhão precisa de pintura nova e melhorias no teto” concluiu.
Mercado Central
Quem vai comprar frutas e verduras no Mercado Central escuta diversas reclamações dos feirantes da área. Na entrada é possível ver lixo espalhado pelo chão e tanto a cobertura como a iluminação necessitando de reparos. A comerciante de frutas Josenilda de Oliveira Silva disse que o setor de frutas está abandonado e que desde que foi construído na administração do então prefeito Ricardo Coutinho, o local nunca passou por reforma nem recebe manutenção adequada.
Ela disse que o atual prefeito, Luciano Cartaxo (PSD), já fez visitas ao mercado e ao setor de frutas mas não realizou nenhuma mudança. “Ele é meu amigo, votei nele, mas tenho que falar a verdade. Até agora não fez nada pelos comerciantes de frutas e verduras. Quando chove parece até que estamos sem cobertura porque o local está cheio de goteiras, parece até tábua de pirulito. E além das goteiras, diversas lâmpadas estão queimadas e os feirantes também reclamam da falta de segurança”, disse Josenilda.
Josélia de Oliveira Silva, que também vende frutas e verduras no Mercado Central, disse que o setor precisa de melhorias, principalmente no teto. “Quando chove, os vendedores têm que usar capas de chuvas ou sombrinhas. A gente trabalha aqui com medo de ser contaminado pelo mosquito da dengue, porque existe muita sujeira e água empossada.
A administração do mercado precisa fazer muitos consertos por aqui”, desabafou a comerciante, observando que o local oferece risco de acidentes e doenças também para a população. A reportagem foi à administração para tentar falar com o responsável pelo equipamento, mas foi informada que o funcionário não estava no local. As informações são do jornal A União.