Mulher com útero exposto espera há um ano por cirurgia no HU de JP

Dona Maria da Penha é diarista. Dona Maria da Penha, como manda sua profissão, diariamente, trava uma batalha que nasceu em 2014: um prolapso uterino total. Suas condições não permitem o pagamento de um plano de saúde ou uma cirurgia custeada pelos próprios bolsos. Dispõe sua saúde ao funcionalismo público, regado de burocracias. Dona Maria tem pressa. Seu útero exposto, há aproximadamente seis meses, sofre um risco alto de contaminação.

A senhora de 59 anos tentou uma cirurgia junto a rede municipal de saúde, cujo hospital de referência é o Santa Isabel. Promessas foram feitas. Promessas continuaram sendo só promessas. Dona Maria então buscou o Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), em João Pessoa, local mais adequado para lidar com a complexidade do caso. A cirurgia foi marcada, mas a greve foi um empecilho nos planos traçados. A conselheira municipal de saúde, Sônia Lacerda foi acionada e se sensibilizou com o caso. Marcou uma reunião com os dirigentes do hospital, que se prontificaram em realizar a cirurgia para o dia 30 de outubro. Novamente, os planos não foram concretizados.

O superintendente do HULW, Arnaldo Medeiros, relatou que “somente durante a última reunião tomou conhecimento do caso”. O útero exposto de Dona Maria não sensibiliza, pois Arnaldo afirma que o caráter de urgência dos casos “só pode ser atestado pelo médico”, neste caso, o Doutor Moisés, chefe da unidade de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital.

O doutor Moisés, então citado, relatou que a cirurgia está esbarrando nos processos burocráticos do hospital, pois para a realização deste procedimento, é necessária uma tela especial, para resolver também o problema da bexiga, que já foi atingida pela expansão do prolapso. “A tela está em processo de aquisição pelo hospital, um equipamento, relativamente caro”, relata o doutor.

A previsão para aquisição da tela não pode ser concedida pelo doutor, pois esta é uma responsabilidade do setor de contas do HU e afirma que é impossível encaminhar o caso para outros hospitais, pois garante que nenhum outro hospital da rede pública tem o equipamento disponível.

Diante dos obstáculos, Dona Maria firma sua esperança na fé. “Preciso de um milagre, minha filha”. Dona Maria, diariamente, lida com dias. Dona Maria precisa de uma data. Dona Maria tem pressa. Dona Maria é diarista.