Múcio diz que prisão de Braga Netto era esperada e cita ‘constrangimento’

Foto: Leo Pinheiro/Valor

O ministro da Defesa, José Múcio, disse nesta terça-feira (17) que a prisão do general da reserva Braga Netto (PL) era esperada. As declarações foram dadas após visita ao presidente Lula (PT) em São Paulo.

O que aconteceu

Forças Armadas estão “constrangidas”, diz ministro. “Precisa acabar para gente olhar para frente e tirar a suspeição sobre os inocentes, cada um entrou nisso com seus CPFs e temos que preservar o CNPJ das Três Forças”, afirma Múcio.

Prisão de Braga Neto “mexe com militares”. Segundo Múcio, “é como se ter um amigo respondendo a um processo”. “Você quer que ele pague diante da lei, mas fica constrangido porque ele é um amigo”, explica o ministro. “Ele tem muitos colegas da reserva, colegas de turno, está preso no Rio de Janeiro, é o primeiro general de quatro estrelas, mas não é uma surpresa para absolutamente ninguém. Estamos torcendo para que tudo isso passe e possamos olhar para frente”, completa.

Ministro foi informado de operações na véspera, mas não sabia dos nomes dos envolvidos. Múcio disse que às 6h15 do sábado, quando o general foi preso, ele recebeu o telefonema do general Thomaz dizendo que uma das operações era na casa de Braga Netto. “Poucas pessoas acreditam que nós não somos avisados”, afirmou.

Lula queria saber como estava “ambiente das Forças”. A prisão de Braga Netto ocorreu um dia antes da alta do presidente. Quando deixou o hospital, o petista disse que o ex-ministro de Bolsonaro tem “todo o direito a presunção de inocência”.

Múcio disse que conversou brevemente com Lula sobre PL dos militares. “Não tem muito mais o que discutir, isso vai para o plenário e depois vamos nos adaptar”, disse. O projeto que governo enviou ao Congresso hoje altera a concessão de benefícios aos militares e determina que o militar precisará ter ao menos 55 anos para se aposentar. Hoje, não há idade mínima para ir à reserva.

A dificuldade de mexer com a aposentadoria de militar é que a promoção de militar é como procissão. Se parar um na frente, para tudo atrás. Temos que ver como adequar isso porque se não vai acontecer o que chamam de empoçamento. Alguns postos vão ficar empoçados, muitos coronéis, muitos majores, muitos capitães porque a carreira é muito longa.”

José Múcio, ministro da Defesa

2º dia após alta

O ministro da Defesa disse que Lula “está ótimo”. Segundo o ministro, o presidente “está se movimentando mais do que ele devia”.

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Médicas que acompanham Lula foram as primeiras a chegar nesta terça-feira. A médica da Presidência da República, Ana Helena Germoglio, e a fonoaudióloga Mônica Bretas chegaram à casa do petista por volta das 8h. Elas não têm falado com a imprensa.

Policiais federais e seguranças à paisana reforçam a segurança da casa de Lula desde domingo. Duas moradoras da região do bairro entregaram flores e um cartão para o presidente nesta manhã. Elas conversaram brevemente com os jornalistas e disseram que deixaram os itens para “desejar a pronta recuperação do presidente”. Minutos depois, outra mulher também entregou um carta aos seguranças da equipe presidencial.

Previsão é que Lula fique em São Paulo até a quinta-feira (19). O presidente deve realizar uma tomografia no hospital Sírio-Libanês, na unidade de São Paulo. Depois disso, retorna a Brasília. Há uma expectativa de uma reunião com ministros na sexta-feira (20).

Os ministros Fernando Haddad, Alexandre Padilha e Rui Costa visitaram Lula na segunda (16). Haddad encontrou o presidente para dar informações sobre projetos da pasta que estão no Congresso e que o governo quer ver aprovados até o final deste ano. “Lula fez apelo para que as medidas não sejam desidratadas”, disse Haddad. O ministro afirmou que conversou com o presidente sobre a reforma tributária e o pacote de cortes de gastos.

Do Uol