Morador de favelas utiliza mais a internet do que o do asfalto, revela nova pesquisa

Uma Pesquisa divulgada neste sábado (19), no Green Gallery, em Nova York, pelo presidente do Instituto Data Popular e fundador do Data Favela, Renato Meirelles, indicou que os moradores de favelas são mais conectados com os meios tecnológicos que os habitantes do asfalto.

“O número de internautas nas favelas é maior que no asfalto, porque, para as favelas, a internet tem antes de tudo uma função de geração de renda”, explicou Meirelles.

De acordo com a pesquisa, apresentada durante a Semana Global da Cufa (Central Única das Favelas), 89% dos internautas de favelas acreditam que a rede pode ajudá-los a ganhar mais dinheiro e 57% já tiveram aumento de renda graças à internet.

“Na crise, a internet é a grande aliada dos moradores”, destacou Meirelles em entrevista à Agência Brasil. Isso significa que, segundo ele quando a situação financeira aperta, os moradores das favelas recorrem à internet para conseguir emprego ou mesmo fazer alguma venda.

Para ilustrar como a inovação tecnológica pode ser útil à população carente, o presidente do Data Popular lembrou o projeto efetuado pelo Facebook na comunidade de Heliópolis, em São Paulo.

Primeira iniciativa do gênero a ser criada no mundo pela empresa norte-americana, o projeto ensina cerca de 5 mil pequenos negócios daquela favela a usar o marketing digital para seu desenvolvimento econômico. Por meio de capacitação em tecnologias digitais, os pequenos comerciantes podem usar a criatividade para aumentar vendas.

Renato Meirelles ainda apresentou estudo sobre a existência de um novo país formado no Brasil. “É um país chamado favelas brasileiras, em que 53% das pessoas já passaram fome, em que ainda existe racismo e que tem preconceito policial”, observou.

Conforme Renato Meirelles, os 12,3 milhões de moradores de favelas no Brasil movimentaram cerca de US$ 19,5 bilhões em 2015. Segundo ele, isso decorre do crescimento da classe média e do aumento da escolaridade média das pessoas.

Para o presidente do instituto, as favelas constituem um país de contrastes. “Em razão da inserção recente dos habitantes das comunidades no mercado de consumo, as favelas têm 2,7 milhões de passageiros de avião, mas, ao mesmo tempo, 2, 5 milhões de pessoas lidam com dificuldade para pagar as contas”, concluiu.