No contexto das eleições da OAB-PB, a divulgação de uma suposta pesquisa de intenção de voto movimentou a advocacia paraibana nesta sexta-feira (15). O levantamento, no entanto, levantou mais dúvidas do que certezas.
De acordo com a pesquisa, a eleição estaria praticamente decidida: o atual presidente, Harrison Targino, lideraria com mais de dez pontos de vantagem sobre o segundo colocado, além de superestimar o desempenho de uma terceira candidatura, destoando da realidade observada no pleito.
O maior indício da fraude está na incoerência matemática apresentada: a soma dos votos válidos alcança 80%, e os que não responderam somam apenas 10%. Pesquisas sérias, contudo, indicam que o percentual de indecisos ou não respondentes é, no mínimo, três vezes maior. Essa discrepância resulta em um total superior a 130% dos eleitores, violando princípios básicos da aritmética e expondo a manipulação por trás do levantamento.
A situação ganha mais relevo ao relembrar que o mesmo “instituto” foi responsável por uma pesquisa semelhante nas últimas eleições da OAB-PB. À época, o advogado Raoni Vita foi colocado na liderança, mas terminou com menos de 20% dos votos e na terceira posição, perdendo em todos os colégios eleitorais.
O vínculo político entre o grupo de Raoni Vita e Harrison Targino é inegável. E a prática de manipular pesquisas para criar uma falsa percepção de liderança parece ter sido reutilizada, agora para favorecer o atual presidente. Essa estratégia, comum na política partidária, é condenada pela sociedade e alvo de fiscalização da Justiça, mas, infelizmente, está sendo transplantada para o âmbito da OAB.
Especialistas no cenário eleitoral apontam que, na realidade, a chapa de Paulo Maia lidera com folga na disputa. No entanto, devido às normas que regulamentam as eleições da instituição, a divulgação pelas chapas de pesquisas confiáveis é proibida.
As eleições da OAB-PB estão marcadas para o próximo dia 19, momento em que os advogados e advogadas decidirão não apenas quem será a representação da classe, mas também que tipo de práticas — éticas ou não — desejam apoiar para o futuro da entidade.