‘Minha Casa, Minha Vida’ sofrerá corte de 76% dos recursos; Sinduscon avalia reflexo na PB

No projeto de Orçamento para 2020 encaminhado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) há uma redução de recursos em diversos programas sociais, como nos setores de habitação, educação, assistência social e trabalhista. Um dos alvos do corte é o programa ‘Minha Casa, Minha Vida’, que passa por uma crise nos últimos meses e vem gerando um colapso no setor da construção civil.

Aliás, o maior corte é justamente no programa habitacional, que caiu de R$ 4,6 bilhões em 2019, para R$ 2,7 bilhões na projeção para o próximo ano. Isso representa uma queda de 41% nos valores destinado ao programa.

Criado há dez anos, o ‘Minha Casa, Minha Vida’ deve ter, sob o comando de Bolsonaro, o menor orçamento da história. O programa, de 2009 a 2018, apresentou uma média de recursos recebidos no valor de R$ 11,3 bilhões por ano.

Considerando a média dos últimos nove anos, o programa deve registrar em 2020 uma queda de 76,1% em orçamento, saindo de R$ 11,3 para R$ 2,7 milhões. É uma tesourada de R$ 8,6 bilhões.

Neste ano, o ritmo do ‘Minha Casa, Minha Vida’ já apresenta uma diminuição com relação a anos anteriores. Até julho, o programa recebeu R$ 2,6 bilhões do Tesouro.

Na Paraíba

Uma recuperação lenta e nenhum resquício de possível colapso. É assim que o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) avalio o cenário que está por vir em 2020, após o corte promovido pelo governo Bolsonaro.

Para o restante deste ano, o setor ainda espera a liberação, prevista em contratos anteriores, de forma gradual.

“A construção civil não é só Minha Casa, Minha Vida. Para 2019, as empresas que tem contrato do programa, o governo fez uma liberação e tem uma tendência, de quem tem contrato prévio, já libere. Quem arrisca, para aquelas obras que as pessoas não vão anteriormente à Caixa, não fazem uma pesquisa ou fecham um contrato de construção do MCMV, esse aí está complicado”, afirmou o diretor executivo, Sérgio Oliveira, ao Paraíba Já.

Com relação a 2020, não há perspectiva de crescimento nem de piora, somente a manutenção dos contratos. “Esse dinheiro que o governo inicialmente coloca no orçamento da união, acredito que a prioridade são os contratos vigentes. O excedente disso é que não tem nada garantido”, disse Oliveira.

Questionado se os cortes poderiam gerar alguma crise no setor da construção civil na Paraíba, o diretor executivo rechaçou essa possibilidade. Para Oliveira, o que vai acontecer é uma espécie de seleção natural do setor.

“É uma recuperação lenta do mercado. Deve haver uma seleção natural de quem realmente vive de construção. E a partir dos cortes, as empresas se planejam, analisam tamanho da construção, o tipo de obra, onde investir”, disse.

Liberação

O Governo Federal liberou, na segunda-feira (2), cerca de R$ 600 milhões para destravar obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), sendo que R$ 443 milhões são para o programa habitacional.

O dinheiro deve ajudar a aliviar os atrasos no programa. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) informou que as dívidas, que já têm mais de 60 dias, superam os R$ 500 milhões.

A suspensão de contratações do ‘Minha Casa, Minha Vida’ é uma das alternativas para reduzir as despesas do apertado orçamento federal.

O secretário especial adjunto de Fazenda do Ministério da Economia, Esteves Colnago, não quis comentar sobre novos contratos, mas declarou que o governo tem o compromisso de garantir as contratações realizadas.

O ‘Minha Casa Minha Vida’, portanto, pode seguir a diretriz estabelecida para o PAC: não vai mais receber novas obras e permanecem em execução somente as que já estão contratadas.

O Ministério do Desenvolvimento Regional, responsável pelo programa, informou que avalia o impacto da redução no programa e realiza estudos para planejar as ações para o próximo ano.