Opinião: Meireles, estratégia de Lula na gestão Temer e Dilma sempre ‘inocente’

A informação que pretendo comentar foi divulgada pela mídia golpista. Permitam-me, antes de continuar, dar um informe importante. Mídia golpista é um subgênero jornalístico da espécie argumentativa. Foi descrito pela primeira vez no século XXI por especialistas da reconhecida internacionalmente Cátedra Pasadena de Jornalismo.

Os fundadores da Cátedra Pasadena são pós-doutores em golpes contra cofres públicos relacionados à geração de energia produzida a partir de combustível fóssil. O subgênero tem vezo editorializante. Sua principal característica é golpear presidentes da República indefesos. Dedica-se também a atacar ministros, parlamentares e empresários só porque foram presos por roubar o dinheiro dos contribuintes. Além disso, informa a agenda de operações policiais totalmente erradas como a Lava Jato e elogia juízes golpistas do tipo Moro que imputam falsas acusações a autoridades flagradas em atos de corrupção passiva e ativa.

Pronto. Tudo esclarecido. De volta, então, à notícia. Tem a ver com Henrique Meireles, homem forte de… Temer na economia em caso de o vice realizar seu sonho mais vazado, quer dizer, mais secreto: assumir a Presidência.

Meireles, grão-vizir sabichão em Brasília, Washington ou em Wall Street, economista quadridimensional e oráculo de meio mundo por mérito, ao melhor estilo Temer antecipou o presente de Natal dos brasileiros em caso de haver novo Governo. Do qual ele seria ministro da Fazenda. Declarou a todos os ventos que neste momento difícil da vida nacional o que o Brasil mais precisa é de um… dois…três… aumento de impostos. Uau. Que genial.

Isso é o que se pode chamar de ovo de Colombo. Ufa! Fim da corrida rumo ao abismo. O Brasil está a salvo. Aumento de impostos é tudo o que qualquer economia precisa.#sqn Mas é tudo o que os Governos precisam. Mais dinheiro pra gastar. E é aí que entra a notícia da mídia golpista. Li em Monica Bergamo que Lula havia se encontrado com Temer. O encontro aconteceu em Sampa poucos dias antes da sessão da Câmara dos Deputados que aceitou o impeachment contra a inocentérrima presidente Dilma. E o que vazou foi que Lula e Temer acertaram mais ou menos o seguinte: em qualquer cenário, vale a escrita da sobrevivência dos mais fortes, o que é a mesma coisa que planejar a sobrevivência dos mais vivos.

Se tivesse assumido a Casa Civil, Lula levaria Henrique Meireles para o lugar de Nelson Barbosa. O que seria muito bom. Se Meireles conseguir realizar de novo as façanhas que o notabilizaram quando integrou a equipe de Lula presidente é possível acreditar numa freada na crise. Com Meireles a coisa vai. Na equipe de qualquer um. Até novamente ao lado de Lula, agora ministro de Dilma. Mas só se o STF deixar, caso o impeachment não prospere e a presidente inocente da Silva seja inocentada de vez no Senado.

O fato de o nome de Meireles constar na lista dos ministros já definidos de um possível governo Temer é um sinal de materialidade da coalizão que Lula propõe. Uma gambiarra para legitimar o presidencialismo de coalizão que tantas dores nos deu. E continua a dar. Pois é certo que dói ver a situação em que se encontra a presidente Dilma, pior do que a de Lula, que não é fácil. Pois ele prometeu a si mesmo, ao PT, à galera do Itaquerão e à presidente que reverteria a tendência negativa pró-impeachment.

O ex-presidente ainda está se recuperando do golpe que foi a derrota clamorosa sofrida na corrida contra a abertura do processo. Mas é preciso pensar em Dilma, dona de uma inocência nunca vista antes na história desse país. No último domingo, o jornal “The New York Times” (mídia não-golpista) disse, a propósito da crise brasileira, que parlamentares corruptos queriam impedir uma presidente inocente.

O TNYT tem razão. A presidente Dilma, inocente, não conseguiu identificar o golpe que foi a compra da refinaria em Pasadena (EUA) pela Petrobras, escândalo internacional de superfaturamento que humilhou o país junto à comunidade internacional. Tinha uma chefe de gabinete, Erenice Guerra, praticante ativa e passiva de várias técnicas de corrupção, do tráfico de influência à cobrança pura e simples de propina.

Inocentíssima, a presidente sequer desconfiou das razões que levaram o seu marqueteiro à prisão. Pois é: um cara importantíssimo, João Santana, figurão internacional que casou e batizou nas duas campanhas de Dilma, está preso por ter cometido falcatruas inadmissíveis segundo o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República.  Foi aí que vazou a pergunta da Casa da Vovozinha das Pessoas Inocentes e Injustiçadas: “Como uma autoridade inocente como Dilma poderia enfrentar tubarões traidores feito Temer e golpistas do nível do ministro Gilmar Mendes?” Resposta psicografada do saudoso poeta Caixa D´Água: “Terminaria como inocente útil. De Lula”. Mas é claro que ela é muito mais. O tempo a tudo esclarecerá.

(Reproduzido do Jornal A União, 20/04/2016)