Médica que atua em CG participou de reunião do “gabinete paralelo” com Bolsonaro

Existência do "para-grupo" é um dos principais eixos de investigação da CPI da Pandemia, que quer saber se os conselhos dados a Bolsonaro prejudicaram o combate à Covid-19 no país

(Foto: Reprodução/Metrópoles/SamPancher)

A médica endocrinologista Annelise Meneguesso, radicada na Paraíba e com atuação no município de Campina Grande, está no centro da polêmica do possível “gabinete paralelo“, que orientou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a ter cautela com vacinas sobre a covid-19. Em vídeos revelados nesta sexta (4) pelo portal de notícias Metrópoles, ela, que é presidente do PSL-CG e foi candidata a vice-prefeita na chapa de Artur Bolinha (PSL), aparece nas imagens junto com a médica Nise Yamaguchi, o ex-ministro Osmar Terra e o virologista Paulo Zanoto, entre outros participantes.

É possível ver Annelise Meneguesso, que também é conselheira do Conselho Federal de Medicina (CFM), por volta de 1 minuto e 49 segundos do vídeo divulgado pelo Metrópoles.

Annelise junto com Bolsonaro e integrantes da reunião do possível “gabinete paralelo” (Foto: Marcos Corrêa/PR)

A existência de um “gabinete paralelo” é um dos principais eixos de investigação da CPI da Pandemia/Covid, comissão parlamentar de inquérito que quer saber se os conselhos dados a Bolsonaro contrariaram a ciência e prejudicaram o combate à pandemia no país.

Annelise faz parte do Médicos pela Vida, associação com sede em Recife, e assinou a publicação de um anúncio pró-cloroquina, de teor negacionista e anticientífico sobre a pandemia de covid-19, em jornais de grande circulação em fevereiro deste ano. A veiculação do conteúdo na seção de informes publicitários foi divulgado em veículos como Folha de S. Paulo e O Globo.

Médica é presidente do PSL-CG e foi candidata a vice-prefeita de Campina Grande nas eleições 2020 (Foto: Divulgação)

O portal Paraíba Já entrou em contato com a médica, através do contato divulgado em seu perfil nas redes sociais, mas as ligações não foram atendidas até a publicação desta matéria. Caso seja divulgada nota ou pronunciamento de Annelise será acrescentada nesta publicação.

O conteúdo do vídeo

A reunião exposta no vídeo foi marcada por declarações contra a vacina. “No contexto da vacina, a gente tem que tomar extremo cuidado”, diz Zanoto ao microfone diretamente a Bolsonaro, em vídeo que data de 8 setembro de 2020, de acordo com o site. “O Brasil tem uma variedade genética promissora, que faz a população brasileira, provavelmente, uma das grandes mecas no desenvolvimento de vacina. A gente tem que tomar um cuidado enorme com isso”, prossegue ele.

Bolsonaro endossa o discurso antivacina. “Mesmo tendo aprovação científica lá fora, tem umas etapas para serem cumpridas aqui. Você não pode injetar qualquer coisa nas pessoas, muito menos obrigar”, afirma.

Zanoto, então, diz que enviou uma carta a Arthur Weintraub sugerindo a criação de um “shadow board” (gabinete das sombras, em tradução livre).

As imagens continuam, mostrando Bolsonaro falando sobre vacinas a uma sala cheia de pessoas, nenhuma delas usando máscara.

A oncologista Nise Yamaguchi, que em depoimento esta semana na CPI da Covid negou que haja um gabinete paralelo, fala ao microfone e diz “ser uma honra” trabalhar com Osmar Terra. Segundo o Metrópoles, Terra seria o “cacique intelectual do grupo”.

O próprio Bolsonaro sugere que Terra entre em contato diretamente com o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

O presidente também fala da hidroxicloroquina e defende o uso do medicamento, dizendo que um “amigo” diz não haver riscos.

Osmar Terra endossa o presidente apontando para uma das pessoas na reunião, dizendo se tratar de um “especialista em arritmia cardíaca” que é “o primeiro a dizer que não tem problema usar a hidroxicloroquina”.

De acordo com o site, a reunião teria ocorrido em 8 de setembro e, naquela ocasião, a farmacêutica Pfizer já havia enviado e-mails ao Ministério da Saúde com oferta de vacinas, porém não obteve resposta.

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