Em 1969, após a promulgação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), durante a Ditadura Militar, foi iniciada uma série de expulsões no meio político, onde diversas pessoas foram cassadas de seus cargos eletivos e tiveram seus direitos políticos suspensos. O período atingiu a maioria dos nomes vinculados ao MDB, entre eles, José Maranhão. Além dele, também foram alvos de perseguições o na época prefeito de Campina Grande, Ronaldo Cunha Lima, e os também deputados Mário Silveira, Osmar de Aquino e Vital do Rêgo, pai de Vital do Rêgo Filho e Veneziano.

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Durante o período da Ditadura Militar, além de ter seu mandato cassado, José Maranhão foi vítima de perseguições e retaliações políticas. Em seu depoimento sobre o episódio em 2009, ele afirma que o seu pai, Benjamim Maranhão, preso e escoltado de Araruna até João Pessoa, não havia cometido qualquer ato, mas foi preso por ser pai de um parlamentar “que não era bem visto pelo golpe de 64”. Conforme ele, o objetivo era o atingir.

“Meu pai não dera e qualquer motivo para ser preso. Não cometera nenhum ato subversivo, não estava armado, não fez nenhum movimento de incitação da população contra o regime. Tudo porque ele era o pai de um deputado que não era bem visto pelo golpe de 64. O que queriam era me atingir”, afirmou em declaração de 2009.

No relatório final da Comissão Estadual da Verdade, a justificativa apontada pelo Conselho de Segurança Nacional para a cassação dos mandatos foi de que, tanto os parlamentares da ARENA quanto do MDB assinaram “o Manifesto da Frente Parlamentar Nacionalista e algum envolvimento com os movimentos de 1968, especificamente o estudantil; um histórico que indicava algum tipo de participação em atos ligados ao projeto trabalhista no momento que antecedeu o golpe civil militar ou atos de corrupção.”

Abaixo, documento do Conselho Nacional de Segurança, que consta no acervo da Comissão Estadual da Verdade da Paraíba:

As informações apuradas pela reportagem do Paraíba Já afirmam que após a cassação até início dos anos 1980, José Maranhão se afastou das atividades políticas e se dedicou aos negócios da família, como a produção de sisal na região do Curimataú paraibano, atividade herdada pelo seu pai, Benjamin Maranhão.

Impeachment de Fernando Collor e Dilma Rousseff

Maranhão vivenciou os maiores ápices históricos desde a redemocratização. Em 1992, o paraibano era deputado federal e foi favorável ao impeachment do presidente da República Fernando Collor.

Maranhão relembrou esse momento histórico em 2016. “Depois eu assisti a renúncia de Jânio Quadros, e era político também nessa época, com mandato e, finalmente, o processo de impeachment do presidente Collor de Mello. Todos esses episódios guardados para sempre em uma memória muito triste, porque a gente sente que se por um lado tem os conflitos pessoais, decorrentes das nossas posições políticas, o Brasil tem um sofrimento muito maior, porque é no final o povo que vai pagar essa conta. Então, neste momento em que o país atravessa uma de suas piores crises, e eu confirmo que é uma das priores crises de todas essas outras que eu já testemunhei historicamente”, refletiu.

Ele também foi favorável ao impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. Ele afirmou em seu discurso final que o “Brasil já não podia viver com uma doença que já se tornava crônica”. “É um processo difícil e doloroso, mas essa Casa é chamada a decidir”, disse. “O primoroso parecer destaca com profundidade os crimes cometidos pela presidente.”