Manoel Júnior tenta manobra para retardar julgamento de Eduardo Cunha no STF

Por mais que o deputado Manoel Júnior (PMDB) diga que é apenas colega de partido do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cada dia mais se comprova que os laços que os une são maiores que o simples coleguismo. Isso porque o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, julgou o requerimento de autoria do deputado paraibano, que pedia cópia da ação penal 982, bem como “acesso amplo às provas” da investigação, que tem como o réu, o Eduardo Cunha.

Nesta ação penal, Cunha é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no qual é acusado de receber US$ 5 milhões em propinas derivadas de contrato de navios-sondas entre a Petrobras e o estaleiro Samsung.

No mesmo despacho, Zavascki também julgou o pedido de Cunha, que complementa e protela o andamento das investigações, que seria o direito de avaliar os autos do processo fora do cartório do Supremo.
Quanto ao requerimento de Manoel Júnior, Teori deliberou que nada impedia do parlamentar solicitar os autos da ação “diretamente à Seção de Processos Originários Criminais” do Supremo, sem ter a necessidade de um requerimento direto à Corte, o que denota uma tentativa de retardar as investigações contra Cunha. Quanto às provas, apenas as partes da ação é que possuem acesso.

Durante a apreciação de admissibilidade do processo de cassação de Eduardo Cunha no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, Manoel Júnior teve participação ativa, apresentando em todas as sessões requerimentos que ora suspendia sessões, ora tentava postergar a análise do processo, como conseguiu, junto com outros deputados, mudar o relator do processo.

Manoel Júnior também foi considerado pela imprensa nacional como um dos integrantes da “Tropa de choque do Cunha”. Em maio deste ano, o jornal “Folha de São Paulo”, publicou reportagem em que mostrou que o STF abrira o inquérito 4231 contra Cunha, suspeito de apresentar requerimentos para pressionar o banco Schahin, com apoio do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, acusado pelos banqueiros de fazer ameaças.

Neste inquérito, também é investigada a “tropa de Cunha”, composta por Manoel Júnior, três deputados e mais cinco ex-deputados, por crimes de corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro.

Contradição 

Parafraseando o cantor Cazuza, as ideias de Manoel Júnior não correspondem aos fatos. Em entrevista a um programa de rádio em João Pessoa, em 19 de abril deste ano, nada tinha a ver com Eduardo Cunha e que os processos que o colega peemedebista enfrenta são problemas apenas dele.

“O meu CPF não é o de Eduardo Cunha, não sou advogado dele e não tenho absolutamente nada a ver se ele cometeu algum tipo de irregularidade. Se um irmão, pai, tio teu cometeu algum tipo de irregularidade, foi você quem cometeu? Então, se Eduardo Cunha tiver errado e se errou, eu não tenho absolutamente nada a ver com isso, apenas sou do mesmo partido que ele. Se isso é algum mal, vai ter muita gente matando seus próprios parentes”, justificou.

Assessoria