A Polícia Federal informou que existe um forte indício de que o prefeito de Cabedelo,,Leto Viana (PRP), preso na manhã desta terça-feira (3) durante a operação Xeque-Mate, tenha comprado seu mandato em 2013 com a ajuda do empresário Roberto Santiago, proprietário do Manaíra Shopping.

De acordo com o delegado Fabiano Emídio Lucena, o então prefeito eleito, Luceninha (PMDB), havia recebido uma quantia que pode ter variado entre R$ 2 milhões a R$ 5 milhões para renunciar do seu mandato e permitir que seu então vice-prefeito, Leto Viana, assumisse o poder.

Por conta dessa suspeita, equipes da Polícia Federal também cumpriram mandado de busca e apreensão na casa do empresário Roberto Santiago, em João Pessoa. Em nota, a assessoria do empresário informou que ele estava surpreso com a operação.

Em 2013, Leto Viana chegou à posse no carro dirigido pelo empresário Roberto Santiago

“Construí minha vida tendo como signo o trabalho honesto. Tenho a plena convicção de que não cometi nenhum ato ilícito e não tenho qualquer relação administrativa ou funcional com os Poderes Executivo e Legislativo de Cabedelo. Estou, e como sempre estive, colaborando e à disposição da Justiça e das Instituições”, informou a nota do dono do Manaíra Shopping.

Entenda o caso

A Polícia Federal, em conjunto com o Ministério Público da Paraíba, deflagrou, nesta manhã, a Operação Xeque-Mate e cumpriu, além dos 11 mandados de prisão preventivas, 15 sequestros de imóveis e 36 de busca e apreensão expedidos pelo Tribunal de Justiça da Paraíba. Cerca de 200 policiais federais participaram da ação.

Segundo investigação da PF, ficou comprovada a participação das principais autoridades públicas do município, que se beneficiavam do esquema de diversas formas, tendo registrado patrimônio muito acima do condizente com suas rendas. Somente na aquisição de imóveis nos últimos cinco anos, verificou-se que um agente político envolvido no esquema movimentou mais de R$ 10 milhões à margem do sistema financeiro oficial.

Em um dos esquemas, foram detectados funcionários fantasmas da Prefeitura e da Câmara Municipal que recebiam salários de até R$ 20.000 e entregavam a maior parte para as autoridades locais, ficando de fato com valores residuais.

Foram constatadas ainda doações fraudulentas de imóveis do patrimônio público municipal, bem localizados e de alto valor, para empresários locais sem que houvesse critérios objetivos para a escolha do beneficiado.

Delação motivou operação

A operação Xeque-Mate foi desencadeada a partir de uma colaboração premiada do ex-presidente da Câmara de Cabedelo, Lucas Santino, de acordo com a superintendência regional da Polícia Federal da Paraíba. O parlamentar procurou a PF espontaneamente após ter tido seu mandato como presidente da Câmara investigado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ordenada por Leto Viana.

De acordo com o superintendente regional da PF na Paraíba, André Viana Andrade, foram apreendidos R$ 300 mil reais em dinheiro durante a ação, inclusive nas casas do prefeito Leto Viana e do presidente da Câmara de Cabedelo, Lúcio José do Nascimento Araújo.

Ao ex-vereador Lucas Santino foi oferecido a extinção da pena de alguns crimes. Ele informou à Polícia Federal que o prefeito de Cabedelo forçou uma CPI para atrapalhar o trabalho do ex-presidente da Câmara. Ele confessou à PF que cometeu os crimes apontados na CPI, mas alegou que outros foram cometidos por colegas.