Malba de Jacumã recebia salário dos assessores e cobrou devolução de compra de voto

O vereador Malba de Jacumã (Solidariedade) recebia parte dos salários dos seus assessora da Câmara Municipal de Conde, e além disso realizou compra de votos nas eleições 2016. Dentro do caso de compra de sufrágios, o parlamentar chegou a cobrar a devolução da compra de um voto. As informações foram fornecidas por testemunhas durante depoimentos na Delegacia Especializada Contra o Crime Organizado (Decor).

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Joselito Carlos revelou que Malba comprou seu voto por R$ 700, mas ao descobrir que ele votaria em outro candidato o vereador foi cobrar devolução do valor. “Eu já tinha gasto R$ 350, devolvi R$ 350. Eu disse ‘voto em quem eu quero’, ele disse ‘quando eu ganhar, você vem atrás de mim'”, declarou em depoimento.

Já a ex-assessora Gisélia Salustina disse que Malba já a convidou para trabalhar como assessora com a divisão dos valores impostos como condição para o cargo. “Ele me chamou e disse que ia me dar uma ajuda de R$ 400 para dividir com outra pessoa”, afirmou. Ela nunca recebeu ou endossou cheques, sempre recebia o dinheiro vivo das mãos de Malba.

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O ex-assessor Diego Sena, que divulgou um áudio que repercutiu nas redes sociais e WhatsApp, revelou que após fazer a denúncia de que era um funcionário fantasma de Malba e que devolvia parte do seu salário para o vereador, a esposa e um assessor dele o procuraram. A condição era um cargo, com valor integral do salário, em troca de seu silêncio. Ouça:

De acordo com o delegado Allan Terruel, Malba confirmou que esteve na casa de Diego e que pediu para acompanhar ele na delegacia. “[Objetivo era] tentar manipular a todo momento as informações que seriam prestadas. Durante o depoimento chegou a ligar para Diego, uma tentativa de dissuadi-lo novamente para que não fosse prestada a informação. Está muito referenciada essa tentativa de impedir que Diego fale”, afirmou o delegado.

Pagamentos sem controle

O tesoureiro da Câmara, Elias Ferreira, foi chamado para prestar depoimento sobre o controle das remunerações, que são feitas através de cheques nominais. Ele informou que o controle dos salários era feito de forma parcial. “Alguns sim outros não [eram registrados], numa lista que tínhamos”, declarou.

O delegado chegou a classificar o controle dos pagamentos como um negócio entre amigos. “Apesar de se tratar do dinheiro público, o bem público que estava sendo administrado, era praticamente um grupo de amigos sem controle nenhum, sem formalização ou um protocolo de documentos, de controle de pagamentos. Tem assessores que nunca receberam o título de créditos, outros recebiam por ele”, contou Terruel.

No caso de Fernando Boca Louca (PDT), o primeiro vereador a ser investigado por esse tipo de ilícito, ele mesmo pegava os cheques nominais na Câmara e depois depositava na própria conta, falsificando assinaturas.