Máfia dos concursos: ex-policial da PB liderava esquema familiar que cobrava até R$ 500 mil por vaga

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Máfia dos concursos: ex-policial da PB liderava esquema familiar que cobrava até R$ 500 mil por vaga
Foto: Juan Silva e Dhara Pereira/ g1

Uma operação da Polícia Federal deflagrada na semana passada revelou um sofisticado esquema de fraudes em concursos públicos, liderado por Wanderlan Limeira de Sousa, ex-policial militar da Paraíba expulso da corporação em 2021. Com base em Patos, no Sertão do estado, o grupo funcionava como uma empresa familiar, cobrando até R$ 500 mil por vaga e utilizando tecnologia avançada para burlar os sistemas de segurança das bancas examinadoras.

Segundo a investigação, o esquema envolvia dublês, pontos eletrônicos implantados cirurgicamente e comunicação em tempo real durante as provas. Os pagamentos eram feitos em dinheiro, ouro, veículos e até procedimentos odontológicos. Wanderlan Limeira era o principal articulador, coordenando logística, negociação com candidatos e distribuição de gabaritos.

O relatório da PF aponta que os crimes já aconteciam há mais de uma década, abrangendo concursos da Polícia Federal, Caixa Econômica, Polícias Civil e Militar, UFPB, Banco do Brasil e o Concurso Nacional Unificado (CNU). Além de Wanderlan, outros familiares e aliados integravam a quadrilha: os irmãos Valmir e Antônio Limeira, a cunhada Geórgia de Oliveira Neves e a sobrinha Larissa de Oliveira Neves, que atuava como “vitrine” do esquema.

Durante o CNU de 2024, provas de Wanderlan, Valmir, Larissa e outros suspeitos apresentaram respostas idênticas, inclusive nos erros, um padrão considerado estatisticamente quase impossível de ocorrer por acaso. A investigação aponta uso de mensagens codificadas, comunicação externa e pontos eletrônicos, com participação de profissionais da saúde na instalação dos dispositivos.

O esquema também incluía movimentações financeiras suspeitas, como depósitos de grandes quantias em espécie e compra de veículos e imóveis para mascarar pagamentos de propina. O grupo beneficiou dezenas de candidatos entre 2015 e 2025, e ao menos três pessoas foram presas preventivamente, em Recife e Patos, durante a Operação Última Fase.

A Polícia Federal reforça que ainda não há indícios de envolvimento direto das bancas examinadoras, mas cita conexões com servidores públicos, intermediários e profissionais da saúde. Os ministérios da Justiça, Segurança Pública e Gestão acompanham a investigação e implementaram medidas adicionais de segurança nos concursos de 2025, incluindo identificação por código de barras, detectores de metal e ponto eletrônico, e escolta reforçada das provas.

O caso evidencia a complexidade e o alcance nacional do esquema, destacando a atuação de um ex-policial militar como líder de uma quadrilha especializada em fraudar concursos públicos de alto nível. Com informações do G1.

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