Maduro vence eleições parlamentares na Venezuela em votação esvaziada

Como previsto, o regime do ditador Nicolás Maduro venceu as eleições parlamentares realizadas na Venezuela nesse domingo (6), em um processo marcado pela ausência de candidatos da oposição e pela alta abstenção dos eleitores.

Segundo o CNE (Conselho Nacional Eleitoral), com 82,35% dos votos apurados, a coligação governista Grande Polo Patriótico obteve 67,6% dos votos e terá a maioria dos 227 assentos na Assembleia Nacional. A posse dos novos deputados será em 5 de janeiro.

“O povo, enfrentando todas as dificuldades, saiu para eleger a sua Assembleia Nacional”, afirmou Maduro em pronunciamento. “Obtivemos uma tremenda vitória eleitoral. Tudo o que ganhamos até hoje, ganhamos com votos, pois somos democratas.”

A eleição desse domingo teve a presença dos quiosques conhecidos como “pontos vermelhos”. Depois de votarem, famílias pobres puderam comparecer a esses locais para receber caixas de comida extras.

Mesmo assim, poucos se animaram a ir às urnas. O CNE informou que 5,2 milhões de pessoas votaram, o que representa 31% dos eleitores. O país tem população total estimada em 28 milhões de habitantes. Nas últimas eleições parlamentares, em 2015, a participação foi de 71%.

A baixa presença ocorre em meio à pandemia da Covid-19 e a uma desconfiança generalizada sobre a classe política. A votação foi boicotada pela maioria das siglas e lideranças opositoras, incluindo Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por dezenas de países, e seus aliados. Partidos e políticos foram proibidos de concorrer no pleito de domingo.

“A fraude foi consumada. A rejeição majoritária do povo da Venezuela é evidente. A maioria da Venezuela deu as costas a Maduro e à sua fraude”, declarou Guaidó, em referência à abstenção, em um vídeo publicado nas redes sociais.

Guaidó convocou um plebiscito, até sábado (12), para prolongar o mandato do atual Parlamento até que seja possível organizar “eleições livres, verificáveis e transparentes”. Será uma consulta simbólica, pois Maduro exerce controle territorial e institucional da Venezuela, com o apoio das Forças Armadas.

Na votação desse domingo, o regime Maduro vetou a presença de parte dos observadores internacionais independentes. Só foi liberada a entrada de nomes simpáticos ao regime, como os dos ex-presidentes Rafael Correa (Equador) e Evo Morales (Bolívia) e o do ex-premiê espanhol José Luis Rodríguez Zapatero. Também foram enviados representantes de Turquia e Irã, aliados de Caracas. As informações são da Folha de S.Paulo.