Defesa de vacina e críticas a Bolsonaro
Lula, que estava de máscara no evento, retirou a proteção para discursar. Ele disse que fez isso após consultar médico e por estar a mais de 2 metros de outras pessoas.
O ex-presidente prestou solidariedade às famílias que perderam pessoas para a Covid-19 e aos que estão desempregados.
Lula chamou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de fanfarrão e criticou a forma como ele conduzindo o país. O ex-presidente afirmou que o Brasil “não tem governo”, que a população precisa de emprego e não de armas, e defendeu a vacinação e as medidas de isolamento social – Bolsonaro tem adotado medidas para facilitar o acesso a armas, é um crítico das restrições de circulação e resistiu a comprar vacinas contra o coronavírus.
“Eu vou tomar minha vacina e quero fazer propaganda pro povo brasileiro: não siga nenhuma decisão imbecil do presidente da República ou do ministro da Saúde. Tome vacina. Tome vacina porque a vacina é uma das coisas que pode livrar você do Covid. Mas mesmo tomando vacina, não ache que você possa tomar a vacina e já tirar a camisa, ir pro boteco, pedir uma cerveja gelada e ficar conversando, não! Você precisa continuar fazendo o isolamento, e você precisa continuar usando máscara e utilizando álcool em gel.”
O presidente defendeu o Auxílio Emergencial – medida proposta pelo governo Bolsonaro e ampliada pelo Congresso para compensar a perda de renda durante a pandemia – e criticou a paridade de preços dos combustíveis do Brasil com o mercado internacional. Bolsonaro tem reclamado dos reajustes aplicados pela Petrobras e interferiu na companhia, que pratica essa paridade.
Durante o discurso, o presidente defendeu a liberdade de imprensa, disse que ela é uma das razões principais para a manutenção da democracia, e fez críticas à cobertura da Operação Lava Jato.
“Eu fiquei muito feliz porque depois da divulgação de tanta mentira contra mim, ontem eu acho que nós tivemos um Jornal Nacional épico. Eu acho que quem assistiu televisão não estava acreditando no que estava vendo. Pela primeira vez, a verdade prevaleceu”.
STF ainda não decidiu sobre imparcialidade de Moro
Na decisão de segunda, o ministro Edson Fachin declarou a “perda do objeto” e extinguiu 14 processos que questionavam se o ex-juiz Sergio Moro, que esteve à frente de ações da Lava Jato no Paraná, agiu com parcialidade ao condenar Lula.
O ministro Gilmar Mendes não concordou com a decisão de acabar com processos sobre a suspeição de Moro e levou o caso para a Segunda Turma nesta terça-feira (9), a fim de dar continuidade ao julgamento iniciado em 2018. Naquele ano, após os votos de Fachin e Cármen Lúcia, Gilmar Mendes havia pedido mais tempo para analisar o caso e, desde então, não tinha apresentado o processo novamente.
Nesta terça, Mendes e Ricardo Lewandowski votaram a favor de tornar Moro suspeito e, assim, anular todos os atos do então juiz, desde o início das investigações sobre Lula no Paraná. Os ministros citaram mensagens da força-tarefa da Lava Jato que foram obtidas por hackers e se tornaram públicas em 2019.
Para Mendes, elas mostraram um “conluio” entre Moro e procuradores, o que, segundo ele, maculou o processo. Para Lewandowski, ficou configurado no caso um “evidente” abuso de poder, porque Moro assumiu “papel de verdadeiro coordenador dos órgãos de investigação e acusação, em paralelo à função de julgador”.
O julgamento do caso Segunda Turma foi suspenso pelo ministro Nunes Marques, que pediu mais tempo para análise. Até então, o placar estava em 2 votos pela suspeição de Moro e 2 votos contrários. O de Nunes Marques, em tese, seria o decisivo. Mas Cármen Lúcia e Edson Fachin, que já votaram no início do julgamento, em dezembro de 2018 — ambos contra o pedido de suspeição — anunciaram que farão uma nova manifestação, o que poderá alterar o placar. Há expectativa de que a ministra mude o entendimento anterior.
Ainda não há data para que o julgamento seja retomado.
Em relação as referências ao nosso jornalismo feitas pelo ex-presidente Lula, a Globo divulgou a seguinte nota:
“O ex-presidente Lula fez críticas aos órgãos de imprensa e à Globo em especial. Elogiou a cobertura do Jornal Nacional de ontem, que classificou de épica. Deu a entender que ontem a Globo relatou a verdade, o que antes não fazia. E desejou que este passe a ser o padrão do jornalismo da emissora. O ex-presidente está errado. O jornalismo da Globo se dedica a relatar os fatos e buscar a verdade, e vai continuar a fazê-lo. Mas não somente os fatos e as verdades que lhe sejam favoráveis.’
Do G1