“Lugar da pessoa com deficiência é onde ela quiser”, diz Cida Ramos após ato em JP

Primeira pessoa com deficiência a ocupar uma vaga no parlamento paraibano, a deputada estadual Cida Ramos (PSB) esteve presente na manifestação ‘Abraço Solidário’ em João Pessoa, neste sábado (24). O encontro foi realizado após um grupo de mulheres moradoras do bairro de Cabo Branco solicitarem a retirada do Projeto Acesso Cidadão, uma iniciativa inclusiva que leva, todo final de semana, pessoas com deficiência para participarem de atividades com música e esporte na orla da praia.

Cida, que é presidente da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência, destacou que ninguém pode impedir a pessoa com deficiência de ocupar espaços públicos. “Fica decretado que todo local, todas as atividades artísticas, culturais, educacionais e científicas serão espaço das pessoas com deficiência. Fica decretado que qualquer ato de discriminação contra a pessoa com deficiência será judicializado. Fica decretado que o lugar da pessoa com deficiência é onde ela quiser estar. Ninguém nesta terra, neste Brasil e no mundo é capaz de dizer o nosso limite, pois a nossa condição de pessoa com deficiência não determina o nosso ser social. Já adianto que enquanto deputada, protocolei na ALPB um projeto de Lei que torna essa praia totalmente acessível, para que todo paraibano entenda que nós estaremos lutando bravamente”, salientou.

A parlamentar afirmou ainda que não se calará diante de atos de intolerância e arrogância. “Não podemos ficar em silêncio. Enquanto deputada e pessoa com deficiência estou inteiramente à disposição para lutar por inclusão, acessibilidade, respeito e igualdade de oportunidades. Mas, sobretudo, para fazer com que os desiguais tenham a possibilidade de serem tratados como iguais. O constrangimento sempre existirá em uma sociedade adoecida, mas a luta me fortalece diariamente por juntar, ao meu redor, os que não têm voz e oportunidade. Limitada é a sociedade preconceituosa e discriminatória. Preconceito e discriminação são posturas inaceitáveis em um estado que reúne mais de um milhão de pessoas com algum tipo de deficiência.”, pontuou.

A coordenadora jurídica do Movimento de Mulheres com Deficiência da Paraíba (MUDE), Mercia de Oliveira, ressaltou que recebeu a notícia acerca da retirada do Projeto Acesso Cidadão com muita indignação. “Essa postura não ofende apenas a pessoa com deficiência, ele ofende a dignidade da pessoa humana. Nós do MUDE repudiamos toda a ação e reivindicamos o nosso direito de viver a vida em sociedade de forma plena. Precisamos que a população tenha consciência de que nós, pessoas com deficiência, somos iguais”, disse.

O coordenador do Projeto Acesso Cidadão, Genilson Machado Lima, reforçou que já protocolou ofício requerendo todas as informações necessárias sobre a denúncia. “A sociedade civil e todas as pessoas com deficiência precisam de uma satisfação sobre o assunto. O projeto já existe há sete anos e tem o objetivo de oferecer as pessoas com deficiência e mobilidade reduzida atividades nas áreas de lazer, esporte e cultura. Nossa vida é dura, não é nada fácil, por isso, precisamos do máximo de apoio, respeito e amor”, finalizou.