Livro sobre criação artística e condição feminina será lançado nesta semana

“Noivas e misses são mulheres de outra estirpe”.  Este verso está no livro “Transparesser”, da artista visual Juliana Alves e da escritora e arquiteta Sonia Marques. A obra, fruto de um intenso diálogo entre as duas autoras, será lançado nesta quinta-feira (11) na Academia Paraibana de Letras (APL), durante a 60ª edição do Pôr do Sol Literário.

Publicado pela editora do Centro de Comunicação Turismo e Artes, (CCTA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o livro tem prefácio da escritora Maria Valéria Rezende. Trata-se de uma obra híbrida, na qual Juliana Alves revela os procedimentos artísticos em sua formação no curso de Artes Visuais da UFPB, combinando com poemas e textos estéticos escritos por sua orientadora, a professora Sonia Marques. O livro tem como foco temático o conceito de transparência que a artista vem perseguindo desde o início dos seus trabalhoscom aquarela, assemblagens e suas pesquisas com frascos de perfumes e instalações.

Mestranda em Artes Visuais no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFPB/UFPE, Juliana Alves conta que o livro faz um esforço de reflexão também sobre as identidades culturais, o sentido de ser mulher e artista contemporânea. “Esse trabalho lança o desafio de que é preciso enxergar além das transparências, flores aparentemente ingênuas ou motivos femininos quase piegas que podem esconder a violência e o desamparo da condição feminina”, diz.

O livro foi lançado exatamente no encerramento de sua exposição, “Transparesser”, aberta ao público desde o mês de novembro no Centro Cultural Correios, em Recife (PE). “Juliana descobrira um mar de possibilidades para atingir a transparência”, acrescenta Sonia Marques arquiteta e doutora em sociologia pela Écola des Hautes Études em Sciences Sociales, de Paris,

Ela diz que no início eram a aquarela e a poesia. Depois uma sequência de janelas e avarandados do centro histórico de João Pessoa. Sonia conta que teve também organzas e tecidos, como materiais experimentados. “Até chegar ao vidro, o vidro dos frascos de perfumes, antecipando o prazer dos cheiros. A materialidade do vidro em toda a sua ambivalência”, comenta.  

O livro “Transparesser”, revela um diálogo entre duas gerações: a da artista Juliana Alves e a da professora Sonia Marques. Constitui-se uma trama entre várias áreas, como artes plásticas, cinema, literatura em um esforço para se dominar o conceito de transparência. Por fim, a obra revela um trabalho comum, às vezes feito a quatro mãos como nos poemas.