Listão da Odebrecht envolve quatro paraibanos, 76 petistas e 48 tucanos

Análise feita pelo portal Congresso em Foco nos documentos que se encontravam em poder do executivo do grupo Odebrecht Benedicto Barbosa Silva Júnior, apreendidos pela Polícia Federal em fevereiro e divulgados na última quarta-feira (23), dão uma dimensão impressionante sobre o seu alcance. Os papéis, entre os quais cópias de planilhas com várias anotações a mão, atribuem doações eleitorais a perto de três centenas de políticos.

Mas o número de citados é menos expressivo que a sua importância. Se os citados na papelada formassem, digamos, um “Partido da Odebrecht”, ele superaria todos os outros em número de governadores (8), teria a segunda maior bancada no Senado (16) e a terceira na Câmara dos Deputados (55).

Há na lista apurada pelo Congresso em Foco nomes do Distrito Federal e de todos os estados brasileiros. Estão entre eles grande parte das principais lideranças políticas nacionais, incluindo chefes de Executivo das unidades federativas economicamente mais fortes do país. Em ordem decrescente, São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia têm os maiores contingentes de candidatos possivelmente financiados pela Odebrecht.

Veja a distribuição dos nomes por estado:

 

Nada menos que 25 partidos são contemplados. PT, PSDB, PMDB, PP, PSB e DEM lideram as doações:

A relação traz ainda 48 prefeitos, 33 vereadores e 23 deputados estaduais, fora uma infinidade de ex-governadores, dirigentes partidários e candidatos nas eleições disputadas no Brasil desde 20120.

Veja a distribuição por cargo:

 

Vale acrescentar, finalmente, que as doações – cujo montante total supera as contribuições da Odebrecht registradas pela Justiça eleitoral nos pleitos de 2010, 2012 e 2014 – envolvem valores contabilizados oficialmente pelos candidatos ou partidos, mas não só eles.

Em off, alguns dos citados admitem que o dinheiro foi entregue por caixa dois, mas não se confundiriam com propinas pagas em troca da defesa do interesses da empresa.

Também há casos em que os políticos mencionados garantem que a transferência do dinheiro não ocorreu.

Outro ponto a ser esclarecido é se aqueles que aparecem nos documentos como “históricos” são, como sugere a palavra, políticos habitualmente premiados com contribuições do grupo Odebrecht – regulares na periodicidade com que foram feitas, mas irregulares por estarem à margem de qualquer previsão legal.

A qualificação é dada a um seleto grupo de políticos poderosos, quase todos do PMDB: os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e do Senado, Renan Calheiros (AL); o ex-presidente José Sarney (AP); o senador Romero Jucá (PMDB-RR); o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ); o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves; o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani; e o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral. Há dois “históricos” não peemedebistas: o senador e presidente nacional do DEM, José Agripino (RN), e o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima.

Enfim, não falta material para ser investigado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. Nesse aspecto, a decisão da Odebrecht – e em especial do seu herdeiro e principal executivo, Marcelo Odebrecht – de aderir à delação premiada deve esclarecer muita coisa. Ou seja: a Operação Lava Jato continua a prometer novos e impactantes revelações sobre o relacionamento espúrio entre os políticos e as grandes empreiteiras. As informações são do Congresso em Foco.