Linn da Quebrada acusa PMJP de censura por veto a show na Parada LGBT

A cantora Linn da Quebrada emitiu uma nota, na sexta-feira (2), comunicando ao público sobre o cancelamento de sua apresentação na Parada LGBT de João Pessoa, que aconteceria em setembro. De acordo com a artista, a Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), órgão da Prefeitura da capital, agiu de forma transfóbica e impôs censura ao seu trabalho.

“Vetou o show por considerarem o discurso da artista, nas palavras da Funjope, ‘muito pejorativo’ para o evento”, explica inicialmente. “A justificativa do veto se deu pelo posicionamento que Linn da Quebrada tem como artista, consequentemente seu trabalho, e o que a mesma representa como corpo político”, segue.

Devido ao posicionamento da Fundação, a Frankla, co-organizadora do evento e que realiza as tratativas empresariais com Linn, deixou as funções no evento e também classificou o episódio como censura.

A equipe de Linn da Quebrada deixa claro que não houve nenhum problema contratual. “Ao recebermos o e-mail do setor de ‘ação cultural’ da parada cancelando o show, questionamos se havia algum problema em nossa documentação ou outro motivo que justificasse o ocorrido e recebemos a seguinte resposta: ‘não foi documentação (…) foi só orientação mesmo’. Frisamos aqui que entendemos bem o termo ‘orientação’, sabemos ao que ele se refere e significa – CENSURA!”, versa outro trecho da nota.

O que diz Linn da Quebrada

Se me calam, é porque de alguma forma minha voz assusta. Talvez porque eu seja eco, porque soul uma legião. Uma legião dissonante & desbocada, que não dissimula suas verdades. Mas penso principalmente que quando me calam & nos censuram, é porque têm medo do que nossa voz pode causar.

Que vidas nosso canto suscita, que movimentos dispara & que corpos liberta? Ainda mais em tempos como esse de crise & retrocesso político tão grande. Agora mais do que nunca cada encontro nosso, cada agrupamento é muito importante & fundamental pelo que podemos levantar, transtornar & fortalecer.

O que mais me deixa triste é não poder realizar esse encontro agora nesse momento tão importante & delicado. Ainda mais se tratando de uma ocasião tão especial como a parada LGBT de João Pessoa. É triste perceber que a censura parte até mesmo de dentro da nossa comunidade.

Eu sei que somos diversas & que tbm somos atravessadas pelas estruturas desse sistema. Sei que minha música incomoda & é justamente por isso que se faz necessária. A censura não me abala mas me impulsiona a continuar fazendo com ainda mais coragem e integridade meu trabalho. Porque sinto que o que canto, além de fazer pensar & dançar, nos movimenta. E o movimento assusta, desestabiliza & nos provoca a agir. Tenho certeza que logo menos nosso encontro vai acontecer. Faremos acontecer!